O senador Humberto Costa (PT) voltou a defender que o PT entregue os cargos que ocupa no governo do Estado e na Prefeitura do Recife (PCR), assim como fez o PSB no plano nacional. Mesmo frisando que o partido ainda pretende deliberar sobre o tema, o petista afirmou que não faz "sentido" a legenda continuar participando das gestões socialistas diante do atual quadro de "rompimento".
"O PT tem que imediatamente reunir a Executiva estadual e discutir essa situação. Minha opinião é que não faz sentido o PT continuar no governo e na prefeitura quando houve esse rompimento em termos nacionais", justificou Humberto Costa, durante entrevista à Rádio Jornal. Contrariando os argumentos utilizados pelos defensores da permanência do partido nos governos do PSB, o senador sinalizou que o PT deve levar em consideração, primeiro, o contexto nacional e não os projetos locais.
"O mais importante para nós é o projeto Dilma. Não foi o PT que rompeu com o PSB. Foi o contrário", cravou. Ao enquadrar a postura do PSB como um "rompimento", Humberto adotou um tom mais duro do que o de seus correligionários para se referir ao desligamento da legenda socialista. Mesmo contrariados com as movimentações do governador Eduardo Campos (PSB) para construir sua candidatura presidencial, as lideranças nacionais do PT adotaram um discurso de cautela e evitaram falar em "rompimento". A orientação teria sido repassada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda guarda esperança de manter o PSB no palanque da presidente Dilma Rousseff.
Humberto considerou equivocada e surpreendente a saída dos socialistas do governo federal. "O que se entendeu dessa decisão é que o PSB resolveu ter um projeto próprio e não caberia estar dentro do governo", afirmou o petista.
A opinião de que o PT deve abandonar os cargos que possui nas gestões socialistas não é exclusiva do senador. O deputado federal João Paulo (PT) já defendeu publicamente a ideia e, ontem, o deputado Fernando Ferro (PT) reforçou o entendimento, embora, internamente esteja mais próximo à ala ligada ao ex-prefeito João da Costa (PT), que patrocinou o ingresso da legenda na gestão do prefeito Geraldo Julio (PSB). "Se o PSB tomou uma decisão política de se distanciar do governo federal, é natural que as instâncias locais também analisem essa possibilidade. É o mais racional e correto é a entrega de cargos nas esferas estadual e municipal", justifica.
A informação é de que até mesmo o secretário estadual de Transportes, Isaltino Nascimento (PT), mostrou-se disposta a deixar a pasta, caso seja necessário. Nos bastidores, ele é considerado o petista mais próximo do PSB.
Diante da polêmica, a direção estadual do PT planeja realizar, até segunda-feira (23), uma reunião para discutir os rumos da aliança com os socialistas na esfera local. "Como presidente do partido, não quero adiantar individualmente uma decisão que tem que ser coletiva", disse o presidente estadual do partido, o deputado Pedro Eugênio.
Fonte: Jornal do Commercio
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