Vera Rosa, Tânia Monteiro e Eduardo Bresciani
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff pretende entregar o Ministério da Integração Nacional ao PMDB, mas é provável que a pasta dos Portos continue sob controle dos irmãos Gomes, desafetos do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB),
Um dia após Campos anunciar o desembarque do PSB do governo federal, dando o primeiro passo para sua candidatura ao Planalto, Dilma tentou contornar o mal-estar com o antigo aliado e pediu ao ministro da Integração, Fernando Bezerra (PSB), que fique mais uma semana no cargo. Afilhado de Campos, Bezerra se reuniu ontem com Dilma por meia hora. Pretendia entregar a carta de demissão, seguindo decisão da Executiva Nacional do PSB, mas Dilma disse a ele que gostaria de conversar sobre o assunto somente depois que voltasse dos Estados Unidos. Ela embarcará no domingo para Nova York, onde participará da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), e deve retomar ao Brasil no dia 27.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aconselhou Dilma a manter o PSB por perto e a não se indispor com Campos porque pode precisar dele no ano que vem. Por Lula, o PT não teria acuado o governador de Pernambuco nem empurrado o PSB para fora da base aliada, mas o racha acabou ocorrendo.
Dilma não quer, porém, fazer a troca com pressa e já acertou com Lula e com o vice, Michel Temer (PMDB), uma reunião para tratar da reforma ministerial após a viagem de Nova York. O plano é reservar a Integração para o PMDB do Senado. Até agora, o nome apoiado pela bancada é o de Vital do Rêgo (PB), que já prestou serviços ao governo no Congresso e tem o aval do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Outros citados são os senadores Eduardo Braga (AM), líder do governo, que esteve ontem à noite com Dilma, e Eunício Oliveira (CE). Os dois são possíveis candidatos aos governos de seus Estados.
O segundo ministério do PSB é o dos Portos, comandado por Leônidas Cristino. Indicado pelo governador do Ceará, Cid Gomes, e por seu irmão Ciro, secretário de Saúde do Estado, Leônidas está no Panamá. A exigência da entrega dos cargos do PSB, neste caso, pode ser driblada com a transferência de Leônidas para um partido recém-criado, provavelmente o PROS.
Cid foi o único que se absteve da votação da Executiva do PSB que decidiu pela saída do governo Dilma e, ao lado de Ciro, deve apoiar a campanha da reeleição da presidente. "Para mim, a melhor estratégia é manter a aliança com o PT em 2014", insistiu o governador do Ceará.
Dois tempos. A saída do PSB pode antecipar a reforma ministerial. A cúpula do PT quer que Dilma faça as mudanças na equipe em dois tempos, trocando agora apenas o núcleo político e o PSB, mas ela ainda não bateu o martelo sobre esse formato.
Na reunião que manteve com Lula, com o marqueteiro João Santana e com alguns ministros, há uma semana, o assunto voltou à tona. Estão praticamente certas as saídas de Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Miriam Belchior (Planejamento) e do líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE).
Fonte: O Estado de S. Paulo
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