Demorou pouquíssimo para surgirem as contradições na recém-anunciada aliança eleitoral entre Marina Silva e Eduardo Campos.
Indagada por Ranier Bragon e Matheus Leitão sobre quem dessa coalizão será o candidato a presidente, Marina fez inúmeras ressalvas. Depois, foi direta: "Nós dois somos possibilidades e sabemos disso".
Marina não disse nada de novo. Apenas vocalizou uma hipótese que habita a cabeça de todos os que acompanham política. Na última pesquisa do Datafolha, em agosto, ela tinha 28% das intenções de voto. Eduardo Campos pontuava 8%. Agora, ambos estão no mesmo partido, o PSB. Qual é a lógica para inverter a posição dos dois políticos --Marina sendo vice de Eduardo-- ao formar a chapa presidencial em 2014?
Esse dilema flutuará por muito tempo entre os integrantes do PSB e da Rede Sustentabilidade. É improvável ter a resposta definitiva antes de junho do ano que vem, data-limite para o registro de candidaturas.
Coerente com suas posições, Marina Silva disse ser contra qualquer tipo de aliança para obter mais tempo de TV. Quer evitar jogar "o futuro da nação nas mãos daqueles que não entendem a lógica de que o governar juntos' não pode ser feito com base no toma lá, dá cá'".
Ocorre que Eduardo Campos tem pré-alianças heterodoxas já firmadas. Por exemplo, com o deputado Ronaldo Caiado, um ruralista do Democratas de Goiás. Pragmático, o goiano se antecipou sobre a nova realidade: "Marina Silva não me causa nenhum desconforto".
Marina teve reação diversa. Disse enxergar coerência em Ronaldo Caiado, a quem quase indicou a porta da rua: "Ele mesmo vai pedir para sair, se é que não está pedindo".
Ou seja, a dupla Marina-Eduardo não sabe quem será candidato a presidente nem quem será aceito na aliança. Falta afinar o discurso para converter em apoios o fato político protagonizado no sábado passado.
Fonte: Folha de S. Paulo
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