Governo atribuiu a alta no estoque da dívida à emissão de títulos em patamar superior aos resgates de papéis
Cristiane Bonfanti
BRASÍLIA. A dívida pública brasileira em títulos em poder do mercado financeiro atingiu R$ 2,07 trilhões em novembro – o maior valor registrado na série histórica da dívida, iniciada em 2000. O volume de recursos que o governo toma emprestado para financiar as necessidades do país aumentou 2,32% na comparação com o mês anterior, quando estava em R$ 2,02 trilhões, segundo dados divulgados nesta segunda-feira pelo Tesouro Nacional.
O coordenador de Operações da Dívida Pública, José Franco de Morais, explicou que houve uma alta no estoque da dívida em razão da emissão de títulos em patamar superior aos resgates de papéis realizados em novembro. No fim do ano passado, a dívida pública havia atingido pela primeira vez a marca de R$ 2 trilhões.
- A ideia é que, com as emissões (de papéis) já ocorridas em dezembro, o estoque da dívida fique dentro do intervalo do PAF (Plano Anual de Financiamento 2013). O estoque deve ficar um pouco acima de R$ 2,1 trilhões - afirmou o coordenador.
No mês passado, as instituições financeiras aumentaram a sua carteira de títulos brasileiros. A parcela da dívida nas mãos dos bancos cresceu de R$ 550,1 bilhões para R$ 574,9 bilhões. O coordenador ressaltou que, por outro lado, houve uma queda no total de títulos brasileiros em poder de estrangeiros. A participação desses investidores caiu de 16,91% para 16,53% do total da dívida.
No mês passado, eles detinham R$ 326,02 bilhões em papéis brasileiros, sobretudo em títulos prefixados, com correção determinada no momento do leilão, o que garante ao governo maior previsibilidade na organização de suas contas. O coordenador destacou, no entanto, que houve uma alta na participação estrangeira na comparação com o valor registrado em dezembro de 2012, quando o total era de 13,72%.
- Houve um aumento muito rápido no total de estrangeiros e, agora, estamos vendo uma estabilização, o que é positivo. É melhor termos um movimento gradual do que movimentos bruscos - disse.
O coordenador adiantou que, em dezembro, houve a emissão de R$ 1,5 bilhão em papéis em favor da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) – que banca a redução do valor da luz. No acumulado do ano, o total chega a R$ 7,8 bilhões. Em dezembro, o Tesouro emitiu também R$ 24 bilhões para repassar ao BNDES e permitir que ele conceda mais empréstimos ao setor produtivo.
Nos últimos quatro anos, já foram injetados mais de R$ 300 bilhões no banco de fomento. Mas essas operações têm sido alvo de críticas do mercado, sobretudo por elevarem a dívida bruta da União, que é um dos indicadores de solvência mais observados pelas agências de classificação de risco.
Fonte: O Globo
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