Se dependesse apenas dos aliados empossados nos governos estaduais, a presidente Dilma Rousseff venceria as eleições presidenciais de 2014, seguida de perto pelo pré-candidato do PSDB ao Planalto, senador Aécio Neves (MG). Dilma tem 13 governadores ao seu lado, contra nove que apoiam Aécio e outros quatro alinhados com Eduardo Campos (PSB). Apenas um estado, por enquanto, é uma incógnita completa: Mato Grosso do Sul. O atual governador, André Pucinelli (PMDB), tem um bom diálogo com a presidente, mas o PT local, que vai lançar o senador Delcídio Amaral como candidato ao comando estadual, defende o rompimento com o PMDB.
Como Delcídio está alinhado aos tucanos sul-mato-grossenses, Pucinelli pode apoiar Eduardo Campos. Só que há um problema nessa equação. Mato Grosso do Sul é um estado muito forte no agronegócio, que não simpatiza em nada com Marina Silva, aliada fundamental na campanha de Eduardo. "A montagem dessa parceria tem de ser feita com muito cuidado", alertou um interlocutor do Planalto.
Em outros dois estados, a posição também é indefinida. No Rio de Janeiro, são grandes as possibilidades de o governador Sérgio Cabral (PMDB), que se licencia do cargo em abril para ajudar na campanha do vice Luiz Fernando Pezão, apoiar Dilma. Mas a relação de Cabral com a presidente ao longo desses três anos sempre foi tumultuada. O peemedebista era muito mais próximo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — chegou a sonhar em ser indicado por ele como vice de Dilma em 2010, mas acabou preterido por Michel Temer.
Mas diversas questões, especialmente as relativas à divisão dos royalties do pré-sal, afastaram os dois. Em diversas reuniões, incluindo um jantar com a cúpula do partido e o vice-presidente Michel Temer, Cabral lembrou a relação de amizade que mantém com o tucano Aécio Neves. Cabral, inclusive, indicou o publicitário e antropólogo Renato Pereira para organizar a convenção e a pré-campanha do PSDB.
O outro ponto de interrogação é o Rio Grande do Norte. Acossada por ameaças de impeachment, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) mantém-se no cargo, mas age com base na ambiguidade. Pessoalmente, ela se aproximou de Dilma Rousseff. Tanto que os tucanos nem a consideram como interlocutora. O nome da oposição no estado é o senador José Agripino, presidente nacional do DEM e mentor de Rosalba. "Acho difícil, mesmo com base em convicções pessoais, ela se posicionar em dissonância com o seu grupo político, especialmente nesse momento de fragilidade", alertou um analista político do DEM.
"Não é um tijolo"
Para o vice-presidente do PT e líder do partido na Câmara, José Guimarães (CE), é evidente que, quanto mais aliados um presidenciável tiver nos estados, melhor. Mas ele alertou que, no Brasil, quem pauta o debate é a candidatura nacional, não necessariamente a local. "O Brasil não é um tijolo, não temos uma realidade única. A realidade nacional não necessariamente repete as realidades locais", acrescentou o petista.
Um dos auxiliares na elaboração do decálogo que Aécio apresentará hoje (leia mais na página 3), o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) lembra que um "batalhão de governadores, prefeitos e vereadores são fundamentais para ajudar a desmentir boatos e espalhar as propostas dos candidatos em cada esquina". Mas lembrou que, quando inicia a propaganda gratuita de rádio e televisão, a campanha muda. "O contato do candidato passa a ser direto com o eleitor, sem intermediários", ponderou.
Fonte: Correio Braziliense
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