terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Para Serra, se a maioria quer, PSDB deve formalizar candidatura de Aécio

Por Cristiane Agostine e Fernando Taquari

SÃO PAULO - O ex-governador José Serra (PSDB) disse ontem, por meio de nota, que "como a maioria dos dirigentes do partido acha conveniente", o PSDB deve oficializar a candidatura do senador Aécio Neves (MG) à Presidência em 2014. Serra agradeceu aos que defendem sua eventual candidatura ao Planalto, sem deixar claro se permanece na corrida eleitoral.

O texto foi publicado ontem na página de Serra no Facebook e no Twitter. "Para esclarecer a amigos que têm me perguntado: Como a maioria dos dirigentes do partido acha conveniente formalizar o quanto antes o nome de Aécio Neves para concorrer à Presidência da República, devem fazê-lo sem demora", escreveu, sem explicitar, em nenhum momento, apoio a Aécio. "Agradeço a todos aqueles que têm manifestado o desejo, pessoalmente ou por intermédio de pesquisas, de que eu concorra novamente", afirmou na nota.

No partido, Serra perdeu apoio até mesmo de seus aliados para disputar a Presidência, apesar de sua intensa movimentação pelo país. Interlocutores do ex-governador afirmam que a candidatura de Aécio, presidente do PSDB, é irreversível e afastam prévias para definir o candidato.

Serra ainda tem dúvidas - e pouca disposição - em relação à disputa pela Câmara.

A candidatura ao Senado não é prioridade para o ex-governador, segundo interlocutores. A disputa será acirrada, com uma vaga por Estado, e só seria viável se o governador e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin (PSDB), estivesse bem avaliado, para ajudar a alavancá-lo. Alckmin, no entanto, tem tido recuperação lenta de popularidade desde os protestos.

Serra tem viajado pelo país, em agenda paralela à de Aécio, e articula encontros com empresários e políticos. Em discurso, o tucano sempre ataca o governo federal, especialmente na área econômica. Ontem, o ex-governador esteve em Caxias do Sul (RS), na posse de Carlos Heinen na presidência da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul e falou sobre desenvolvimento econômico.

Há dois meses, Serra disse que pretendia disputar a Presidência e afirmou que estava "preparado para o cargo". "Se você pergunta se eu gostaria de ser presidente da República? Eu gostaria. Eu me acho preparado para isso. Eu saberia como me desempenhar", disse à rádio "Tudo FM", em Salvador. Serra disputou a Presidência em 2002 e 2010, mas foi derrotado.

Aliados do ex-governador, no entanto, já trabalham com a possibilidade de indicar para vice de Aécio o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), ligado a Serra. Na primeira eleição sem um candidato de São Paulo à Presidência, Aloysio contemplaria o Estado.

Tucanos paulistas analisam que a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), deverá mobilizar mais dirigentes e militantes tucanos em São Paulo do que a de Aécio. O apoio do PPS de Roberto Freire, muito próximo de Serra, a Campos, não passou desapercebido no partido. Alckmin deve formalizar o PSB na vice de sua chapa à reeleição, abrindo palanque para Campos no Estado com o maior colégio eleitoral do país.

Aliados de Alckmin planejam nova candidatura presidencial do atual governador paulista à Presidência, em 2018. Na leitura de tucanos paulistas, se Alckmin conseguir se reeleger em São Paulo e se Aécio for derrotado em 2014, o governador paulista será "candidato natural". Alckmin disputou a Presidência em 2006 e foi derrotado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Fonte: Valor Econômico

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