Já com a possível desistência de José Serra, que ontem defendeu a formalização da candidatura de Aécio Neves à Presidência pelo PSDB "sem demora", o mineiro lança hoje 12 diretrizes que orientarão o programa de governo tucano. O texto faz um contraponto às políticas do PT.
Com críticas ao PT, Aécio lança diretrizes de tucanos para 2014
Documento destaca compromisso com a ética e o combate à corrupção
Júnia Gama
BRASÍLIA- Com um discurso permeado de críticas aos governos petistas, o senador e presidenciá-vel Aécio Neves (PSDB-MG) apresenta hoje, em auditório da Câmara, um documento com 12 diretrizes que servirão de base para o programa de governo do PSDB na campanha presidencial de 2014. Em todos os tópicos, Aécio fará um contraponto à condução dessas políticas pelas gestões do PT, no comando do país desde 2003, e proporá uma maneira alternativa de tratá-las.
Logo no primeiro ponto, o tucano fará um questionamento a respeito do que considera "afronta" às instituições e "corrosão" dos valores como ética, democracia e liberdade de expressão no seio petista, em referência à reação do PT e de seus militantes ao escândalo e julgamento do mensalão.
O documento com o conjunto de "ideias e valores" que servirão como ponto de partida para o programa de governo do PSDB será norteado pela tentativa de marcar diferenças em relação ao PT. O partido governista será alvo de crítica desde o primeiro item, que estabelece o compromisso do PSDB com a ética, o respeito às instituições e o combate à corrupção.
Segurança pública, educação de qualidade, Saúde, política externa, sustentabilidade e agropecuária também serão temas citados no texto intitulado "Para mudar de verdade o Brasil — Confiança, cidadania e prosperidade" Na questão da segurança pública, Aécio vai propor maior responsabilidade da União no tratamento da questão, com a transformação do Ministério da Justiça em Ministério da Justiça e Segurança Pública. O presidenciável dirá que o governo hoje é omisso em relação ao assunto e que deixar a cargo dos estados e municípios o combate à violência é uma metodologia falida.
O evento, marcado para ocorrer às 14h30m na Câmara, será voltado para o público interno. Interlocutores de Aécio explicam que o senador precisa estimular a militância tucana com uma plataforma mais concreta para discussão das diretrizes do partido. Vão participar deputados, senadores e integrantes da Executiva do PSDB. Muitos dos pensadores que auxiliaram na construção do documento não confirmaram presença. O ex-governador de São Paulo e ex-senador José Serra não comparecerá.
Mais espaço para a iniciativa privada
Como O GLOBO antecipou em novembro, o documento terá forte teor econômico e vai criticar especialmente a deterioração da credibilidade do governo Dilma, devido a ações na área econômica e no plano internacional, consideradas equivocadas pelos tucanos. E terá como linha geral fugir do modelo do simples "Estado assistencialista" ou "Estado grande"
Temas como construção de ambiente adequado para o investimento, eficiência do Estado, superação da pobreza, produtividade, autonomia dos estados e municípios e infraestrutura estarão presentes entre os 12 pontos. Na apresentação de sua visão sobre o papel do Estado, Aécio vai defender o aumento de espaço para a iniciativa privada, tema que vinha sendo evitado por tucanos nas últimas campanhas, para fugir do que chamam de "discurso maniqueísta" entre "privatistas e estatizantes"
O presidente do PSDB irá defender que o Estado tem a obrigação de prover os direitos e cumprir seus deveres junto à população carente, mas também no ambiente econômico. Pregará um Estado mais regulador, em detrimento do Estado executor, alegando que o "Brasil não pode caminhar com o Estado dominante na sociedade e na economia"
Além das contribuições que recebeu ao longo dos últimos meses do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, do economista Samuel Pessoa e do ex-deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas, o documento passou pelo crivo de Andreia Neves, irmã do senador e seu braço-direito desde que iniciou a carreira política. Ela deu, junto a Aécio, ontem à noite, a última palavra sobre a versão final do texto, que vinha sendo alterado em reuniões fechadas e restritas desde a última quarta-feira.
Na saúde, ênfase à gestão
Na definição das 12 diretrizes, muitas aparecem no documento de forma bastante genérica, como os dois primeiros itens do capítulo sobre Cidadania: "Estado eficiente, a serviço dos cidadãos" e "Educação de qualidade como direito da cidadania, educação para um novo mundo" No caso da meta de combate à pobreza, há um indicativo de que o governo tucano fará diferente para reduzir a dependência dos beneficiários dos programas sociais, criando oportunidades futuras para eles: "Superação da pobreza e construção de novas oportunidades"
Quando trata de segurança pública, hoje a cargo dos estados, propõe uma nova redivisão de funções quando estabelece o conceito de "Segurança pública como responsabilidade nacional" E, ao falar de políticas de Saúde, frisa que o governo do PSDB proporcionará aos brasileiros "mais cuidado, investimento e gestão" O grande problema da Saúde pública no Brasil, dizem os estudiosos, não é falta de recursos financeiros, mas de gestão eficiente.
Fonte: O Globo
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