Pré-candidato do PSB a presidente enfrentou saia justa em almoço com empresários do agronegócio
Luciano Barros - O Globo
CASCAVEL (PR) - O pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, enfrentou nesta quarta-feira uma saia justa ao ser questionado sobre as posições da vice-presidente de sua chapa, a ex-senadora Marina Silva, em relação ao agronegócio.
Em um almoço com cerca de 200 empresários e produtores rurais na cidade de Cascavel (PR), uma das perguntas enviadas por escrito pela plateia questionava Campos se o alinhamento de Marina com ONGs do setor ambiental influenciava o seu pensamento sobre o setor.
— Eu nasci no meio rural, conheço a realidade do homem do campo e sou o primeiro a agir em defesa deste setor que é fundamental para o desenvolvimento do país — respondeu.
O pré-candidato do PSB nasceu em Recife, mas passou os primeiros anos da infância em um engenho em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata pernambucana. Na eleição de 2010, ele declarou ser dono de um propriedade rural no município de Garanhus, no interior de Pernambuco. Ele também é dono de uma empresa agropecuária. Em outubro do ano passado, o anuncio da aliança entre Marina e Campos acabou produzindo o afastamento de produtores rurais da candidatura do PSB. O deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO), um dos líderes da bancada ruralista na Câmara, rompeu, na época, as negociações com o PSB para uma aliança em Goiás.
O ex-governador de Pernambuco também disse que Marina não é contra o setor.
— Marina mostrou apreço a quem produz os alimentos e que alçam o Brasil à condição de destaque no cenário econômico internacional.
Mais cedo, em encontro com prefeitos da região, fez críticas ao Legislativo brasileiro.
— A omissão do Legislativo está permitindo que o Judiciário extrapole limites e, ao invés de fazer cumpri-las, ele elabora as leis.
Campos manteve os ataques ao governo Dilma Rousseff.
— É preciso substituir as raposas que estão há 40 anos no poder e que dão às costas à nação. Eles descerão de costas a rampa do Palácio do Planalto.
O ex-governador de Pernambuco prometeu reduzir ministérios pela metade e fez críticas à gestão Dilma em áreas como segurança, saúde e educação. Na segurança pública, citou a diminuição do efetivo da Polícia Federal. Na saúde, afirmou que, em 1998, a União financiava 70% de cada R$ 100 investidos no setor. Hoje, esse percentual teria caído para 40%.
Na educação, afirmou que os investimentos que o governo faz no Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), de R$ 10,5 bilhões por ano, são ínfimos diante da arrecadação do governo, que é de R$ 1 trilhão.
— O Brasil deveria se espelha no exemplo da Coreia do Sul e dos Tigres Asiáticos, que investiram em longo prazo e, hoje, colhem os resultados.
Campos creditou à burocracia o fato de o Brasil ter crescido menos do que o esperado e afirmou que a Brasil é um país cartorial.
— Em Brasília, há 14 mil pessoas aptas a carimbar documentos. Às vezes, um prefeito precisa cumprir em torno de 30 exigências legais, entre certidões negativas e outros comprovantes, e, ao cumprir a última exigência, a primeira delas já está vencida — disse.
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