• Presidenciável do PSB diz que ‘não cospe em prato que comeu’, mas não fica num governo em que ‘raposas já roubaram o que tinham de roubar’
Ângela Lacerda - O Estado de S. Paulo
RECIFE - Ao oficializar a candidatura do seu afilhado político ao governo de Pernambuco, o pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, justificou seu rompimento com o PT, depois de fazer parte da base aliada federal por mais de uma década, desferindo um duro ataque ao governo da presidente Dilma Rousseff.
Primeiro, Campos temporizou. “Não vou jogar as coisas boas fora. Não vamos jamais cuspir no prato que comemos”, disse durante a convenção que confirmou o nome do ex-secretário da Fazenda Paulo Câmara como candidato do PSB ao governo do Estado. Depois, partiu para o ataque: “Não fico mais em um governo comandado por um bocado de raposa que já roubou o que tinha que roubar”.
Na sua primeira aparição púbica em Pernambuco desde que deixou o governo, em abril, para montar em São Paulo seu escritório político para a campanha presidencial, Campos usou o palanque estadual para rebater as acusações do PT de que o rompimento com a sigla teria sido uma “traição”, já que os investimentos no Estado nos últimos anos só foram possíveis graças à parceria com o governo federal.
Na semana passada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve no Recife ao lado de Dilma e disse a um jornal local que Campos não poderia “exagerar” nas críticas ao PT por que fez “parte do mesmo projeto político”. Os petistas participaram de um ato de apoio à candidatura do senador Armando Monteiro Neto (PTB), principal adversário de Câmara na disputa estadual.
Nesse domingo, 15, Campos respondeu diretamente a essa crítica: “Na nossa caminhada, não me cabe um pensamento pequeno de ficar só atrás de um projeto de poder pelo poder”. Destacou que, “por respeito ao cidadão”, não poderia mais apoiar um governo que não cumpriu o que prometeu.
O PSB fez parte da base aliada do governo federal até setembro do ano passado, quando Campos decidiu entregar os cargos que seu partido tinha para poder disputar a Presidência da República.
Convenções. Ao lado da sua pré-candidata a vice-presidente, Marina Silva, Campos foi a outras três convenções estaduais no fim de semana. Em todas elas, entoou o mantra de que o Brasil “piorou” durante o governo Dilma.
A maratona começou no sábado de manhã, em Goiás, onde confirmou a candidatura do empresário Vanderlan Cardoso (PSB) ao governo do Estado. “Na democracia tivemos o governo Itamar Franco, que entregou a Fernando Henrique (Cardoso, PSDB) um Brasil melhor do que encontrou. Fernando Henrique entregou a Lula um Brasil melhor do que recebeu. Lula entregou a Dilma um Brasil melhor. Agora, depois de quase quatro anos, a gente percebe que Dilma vai nos entregar um Brasil pior”, disse Campos.
No mesmo dia, em Salvador, ele repetiu essa frase durante a convenção que oficializou o nome da senadora Lídice da Mata (PSB) ao governo da Bahia. O pré-candidato disse ainda que para melhorar a situação do País seria preciso “tirar a Dilma” da Presidência.
No domingo pela manhã, quando o PSB formalizou o senador Rodrigo Rollemberg como candidato ao governo do Distrito Federal, Campos retomou o mesmo discurso. O presidenciável citou a economia, a segurança pública e a saúde como exemplos de áreas que tiveram retrocesso na gestão da petista.
Desde que decidiu que seria candidato ao Palácio do Planalto, Campos tem direcionado as suas críticas a Dilma e poupado os demais nomes que passaram pelo cargo. Em suas falas, diz que Fernando Henrique foi o responsável pela estabilidade econômica e que Lula trouxe avanços na área social. Ele também costuma afirmar que a reeleição da petista colocará em risco essas conquistas.
Colaboraram Nivaldo Souza, Pedro Palazzo e Tiago Décimo
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