quinta-feira, 19 de junho de 2014

Em Recife, Aécio diz que cortará metade dos ministérios se eleito

• Candidato do PSDB evitou fazer críticas ao adversário Eduardo Campos (PSB)

Letícia Lins – O Globo

RECIFE — Em sua primeira visita a Pernambuco como candidato oficial do PSDB à sucessão presidencial, o senador Aécio Neves prometeu reduzir pela metade o número de ministérios no primeiro dia de sua gestão, caso vença as eleições, e criar uma secretaria extraordinária para simplificação do sistema tributário. Em entrevista de quase uma hora no programa Supermanhã, na Rádio Jornal do Commercio, ele evitou criticar Eduardo Campos (PSB), ex-governador do estado.

— No dia seguinte (da posse como presidente), o Brasil terá metade dos atuais ministérios. E terá criado uma única secretaria extraordinária para simplificação do sistema tributário. Vamos iniciar um processo para que em poucos meses possamos simplificar o mais complexo e emaranhado sistema tributário do planeta. Hoje as empresas, no seu conjunto, gastam mais R$ 40 bilhões anualmente só para pagar impostos.

Aécio prometeu ainda propor uma reforma política logo no início do governo, com a mudança para um mandato único e de cinco anos para Presidência. Ele disse ainda que vai estabelecer parcerias com o empresariado em todos os setores da economia – inclusive da segurança, como a construção e manutenção de presídios –, assim como “acabar com o cemitério de obras públicas” do país. O tucano disse ta,né, que dará atenção especial para o Nordeste, região de maior popularidade do seu adversário na sucessão presidencial, Eduardo Campos.

— Vamos apresentar, nos primeiros dias, um conjunto de propostas para reforma política. Logo no início, porque esse é o momento em que o governante tem o seu capital político intacto, tem credibilidade, apoio da sociedade brasileira para tomar as medidas necessárias. Vamos construir um novo modelo de gestão no país. Vamos focar a questão tributária no primeiro instante e a reforma política.

Aécio prometeu ainda cumprir o acordo do PSDB de apoiar o candidato do PSB à sucessão estadual em Pernambuco, e lembrou que, ao assumir o governo de Pernambuco, Campos se inspirou em muitos dos modelos adotados em Minas Gerais, durante suas duas gestões.

Para Aécio, há três pontos principais da reforma política, que são necessários para resgatar a capacidade de negociação no Congresso Nacional.

- Hoje são 22 partidos. As negociações não são nem mais partidárias, mas individuais com grupos de poder, que representam interesses específicos. Aí a coisa não funciona. O governo tem maioria paquidérmica, com 80 % do congresso, mas não se vota nada absolutamente relevante. Defendo redesenho da cláusula de desempenho, para que partidos para terem acesso a fundo partidário e tempo de TV tenham que ter correspondência na sociedade, com patamar mínimo de votos em nove estados, para ter caráter nacional. Se estabelecêssemos 2,5 % dos votos, já cairíamos para sete ou oito partidos. Precisamos construir novo modelo de gestão, mas vamos focar no primeiro instante na questão tributária e política.

Durante a entrevista, ele disse que se entende muito bem com o ex-governador Eduardo Campos, e que os dois têm como convergência principal o desejo de encerrar o ciclo de governo do PT.

Senador critica aparelhamento de estatais
Em Recife, Aécio se reuniu por meia hora no Palácio do Campo das Princesas com o governador João Lyra Neto (PSB). Após o encontro, o senador subiu o tom e acusou o PT de fazer governo de “compadrios políticos" e de aparelhar as empresas públicas de "forma criminosa". Ele classificou ainda a gestão petista de “alinhamento ideológico arcaico e atrasado”. Para o tucano, esse alinhamento é que levou o Brasil ao pior crescimento da região.

- Nada mais atrasado do que a forma de governar, de se apropriar do estado brasileiro, como se fosse seu patrimônio. Nós temos uma visão mais generosa de país. A eficiência do governo é premissa para você atender a todos os brasileiros. Não há nada mais rerverso do que a tentativa do PT de dividir o Brasil entre nós e eles. O nós são aqueles que bajulam o governo, que têm cargos públicos do governo, que dizem amém a todas as vontades da Presidência da República. Os eles são os que criticam o governo, que apontam descalabros, atos de corrupção, incapacidade geracional. O PSDB quer fazer governo para todos os brasileiros.

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