João Domingos - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A decisão do pré-candidato do PSB ao Planalto, Eduardo Campos, de preservar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva das críticas ao governo do PT e as concessões à pré-candidata a vice em sua chapa, Marina Silva, levaram dirigentes da legenda nos Estados a pedir mudanças nos rumos da campanha.
Reunidos na casa onde Campos está vivendo em São Paulo, no dia 10, integrantes do partido atribuíram a performance do pré-candidato abaixo do esperado nas pesquisas de intenção de voto a esses dois fatores. Um dirigente do PSB disse a Campos que não dá para separar Lula da presidente Dilma Rousseff. Outro afirmou, na mesma reunião, que Marina e a Rede Sustentabilidade - grupo político da ex-ministra incorporado ao PSB - têm feito exigências demais. Isso estaria, na visão dos críticos, mais atrapalhando que ajudando Campos, à medida que as posições de Marina afastariam potenciais aliados.
O pré-candidato ouviu os dirigentes do PSB e disse não concordar com essas opiniões. Campos afirmou que separar Lula de Dilma faz parte da estratégia para buscar eleitores à esquerda descontentes com o atual governo. E que a união com Marina continua a ser um impulso para se tornar conhecido. Apesar disso, o pré-candidato - que também é presidente do partido - não convenceu os correligionários insatisfeitos.
Atração. Para um dirigente do PSB, preservar Lula não faria sentido porque o petista não vai retribuir a gentileza se Campos for ao segundo turno contra Dilma. Se a presidente enfrentar o tucano Aécio Neves no fim de outubro, Lula é quem teria de atrair o PSB para vencer a oposição, segundo esse raciocínio.
Os dirigentes partidários esperavam que Campos registrasse de 15% a 18% da preferência do eleitorado às vésperas da campanha oficial. Em pesquisa Ibope divulgada no dia 10, ele obteve 13%, ante 22% de Aécio e 38% de Dilma. O último Datafolha, publicado em 6 de junho, apontou Campos com 7%, Aécio com 19% e Dilma com 34%.
A adesão de Marina elevou as expectativas no PSB. No entanto, o partido tem gastado mais energia do que gostaria para resolver divergências com a Rede sobre alianças ou candidaturas próprias em Estados como São Paulo, Rio e Minas.
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