• Romário também esteve presente no evento na Mangueira. Segundo Miro, não há intriga que o separe do ex-craque
Leticia Fernandes – O Globo
RIO - Com um discurso que pregou a união, na tentativa de sepultar especulações sobre a retirada da candidatura do deputado Miro Teixeira (PROS-RJ) ao Palácio Guanabara, o pré-candidato à Presidência, Eduardo Campos (PSB-PE), e a ex-senadora Marina Silva estiveram aos pés do Morro da Mangueira, na Zona Norte do Rio, ciceroneados por Miro, e visitaram o Centro Cultural Cartola. O deputado Romário (PSB-RJ), postulante ao Senado na coligação socialista, também esteve no local, mas evitou flashes e ficou por menos de uma hora.
Marina criticou o atraso e a “conversa fiada” na política feita pelo governo federal e pelo governo do estado. E defendeu a união dos brasileiros, começando dentro da própria coligação no Rio:
— Temos que acabar com a conversa fiada, é preciso fazer diferente. E como a gente faz para renovar as esperanças quando o Brasil tem uma sensação de desencanto, de preocupação de que a gente pode perder até o que a duras penas conquistou, em função do atraso na política? A melhor forma é promover união entre os brasileiros, e é bom que a gente dê o exemplo e esteja unido entre nós. E aí a força desse deputado, lutador e motivo de orgulho para os cariocas, se dispôs a ser o nosso pré-candidato — disse Marina, provável candidata a vice-presidente na chapa do ex-governador de Pernambuco, se voltando para Campos e Miro.
Apesar da indefinição que ronda a candidatura de Miro Teixeira, com insatisfações dentro do PROS, Campos reiterou o apoio ao deputado, posição que, segundo ele, já está sacramentada há mais de quatro meses.
— Nós estamos aqui confirmando o que a gente já vem dizendo há mais de 120 dias, que no Rio de Janeiro vamos apoiar a candidatura do Miro, não fazemos nada diferente disso. Temos aqui um indicativo de apoio à candidatura do Miro pelo PROS, e do Romário pelo Senado, essa é a nossa posição.
Já o pré-candidato ao governo do Rio admitiu que há ruídos na coligação fluminense, mas garantiu que não há intriga que o separe de Romário:
— Uma coligação que discute ideias tem ruídos mesmo. Ficam fazendo intriga, mas não há intriga que me separe do Romário, ele fez questão de passar aqui, achou uma brecha na agenda, passou aqui e me saudou como governador.
Ao caminharem pelas redondezas do centro cultural, Romário era ovacionado por moradores da Mangueira — é o baixinho, é o baixinho! —, enquanto Campos e Marina não foram amplamente reconhecidos. A não ser por uma moradora, que chamou a ex-senadora de “nossa presidente”, e levou os pré-candidatos para verem as péssimas condições do prédio onde mora, ao lado do Centro Cultural Cartola, inundado pelo lixo. O prédio visitado pelos políticos pertence ao Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), mas está completamente abandonado. Ao sair do local, Campos criticou: “Que absurdo, e esse é um prédio do governo federal”.
Sobre o pouco reconhecimento, o socialista disse que esse é um dos grandes desafios que enfrentará quando começar oficialmente a campanha.
— O desafio não é só nessa comunidade, é no Brasil inteiro. Temos 25% de conhecimento, é uma eleição de uma candidata que é 100% conhecida, e outros menos conhecidos. Mais do que as pessoas, que as ideias possam ser conhecidas, e uma das ideias centrais do nosso programa é o apoio efetivo à cultura brasileira, não é por acaso que nos últimos trinta dias fizemos três atividades ligadas à cultura no Rio, o encontro com artistas e produtores culturais, estivemos no Afroreggae e, agora, no centro cultural — disse Campos, criticando a “exclusão absoluta” que ainda persiste no Brasil, e dizendo que é preciso fazer uma limpeza no país:
— O que a gente vê é o retrato da exclusão absoluta, o traço da exclusão social e do preconceito que nos choca, em plena Copa do Mundo. Esse é um país que ainda tem muito disso, e é preciso limpar o país disso para que a gente possa aproximar o Brasil oficial do Brasil real.
Antes de chegaram ao Centro Cultural Cartola, onde foram recebidos pelos netos de Cartola, Pedro Paulo Nogueira e Neucimar Nogueira, ambos idealizadores da casa de cultura, os pré-candidatos também visitaram a casa onde morava o ídolo Cartola e sua esposa, dona Zica, conhecida como a primeira-dama do samba, e que teria completado cem anos em 2013.
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