terça-feira, 23 de setembro de 2014

José Casado: A batalha do Rio

- O Globo

O Rio deve virar um grande campo de batalha nessa reta final da eleição presidencial. É o que se prevê na coordenação das campanhas dos principais candidatos. Motivo: é o único estado do Sudeste onde Dilma Rousseff e Marina Silva estão virtualmente empatadas, indicam pesquisas do Datafolha e do Ibope.

A presidente-candidata (com 37%) possui vantagem numérica muito pequena sobre a adversária (34%), consideradas as margens de erro típicas nessas sondagens (2%). Nas últimas semanas, porém, aumentou a rejeição a Dilma. A média era de 30% e passou para 40%.

São 12 milhões de votos disponíveis no estado. Equivale a 8,5% do eleitorado brasileiro. Ocorre que o cesto fluminense corresponde a 19,3% dos votos do Sudeste, região onde se concentram 62 milhões de eleitores (43,4% do total).

O peso do Rio se torna específico nas circunstâncias do embate nas ruas do Sudeste.

Pela primeira vez em duas décadas, São Paulo não produziu uma candidatura viável para competir pela Presidência, apesar do tamanho do seu eleitorado - 31,9 milhões (22,4% do total).

Nas pesquisas os paulistas reduziram Dilma ao piso (25%) registrado pelo partido em disputas nacionais. O PT se descobriu com um grave problema no reduto de origem. Não é só a alta rejeição à presidente-candidata, por quatro em cada dez consultados. É pior: parte do eleitorado petista (44%) anuncia voto no adversário do PSDB.

O candidato do PT, Alexandre Padilha, corre risco de apresentar desempenho pior que o de Lula na primeira eleição para governador, em 1982, quando ficou atrás de Franco Montoro, Reynaldo de Barros e Jânio Quadros, com apenas 9,8%.

Aparentemente, os paulistas identificaram em Marina (38%) uma novidade, capaz de romper a clássica polarização PSDB-PT - originária de São Paulo - e de representar a mudança desejada por sete a cada dez entrevistados.

Notável, também, é a dicotomia do PSDB local, entre o fiasco na eleição nacional, com Aécio (15%), mas à beira de levar o governo estadual no primeiro turno, com Alckmin (50%).

Em Minas, onde estão 15,2 milhões de eleitores (10,6% do total), a situação é diferente. Dilma lidera (33%), Aécio tem (29%) e Marina (22%).

É surpreendente como Aécio chega à reta final da campanha perdendo na própria base. O PSDB segue a trilha, com Pimenta da Veiga situado 20 pontos percentuais abaixo do petista Fernando Pimentel (43%).

O que aconteceu? Aécio e seu PSDB se mantiveram distantes do eleitorado mineiro até agosto. Dilma e o PT aproveitaram o vácuo. Exemplo: a presidente-candidata fez uma dezena de viagens, cooptou prefeitos e vereadores com "presentes" federais - incluída a distribuição de 2.600 máquinas (de caminhões a pás carregadeiras) a 93% dos 835 municípios. Enquanto isso, o PSDB local reclamava: "Dilma humilha prefeitos."

No Espírito Santo, vizinho atlântico com 2,6 milhões de eleitores (1,8% do total), Marina lidera com folga (33%), seguida por Dilma (26%) e Aécio (21%). Ali, percebe-se um recuo significativo da preferência pela presidente-candidata. Pesquisas locais, como a mais recente da Brand/Século Diário, indicam rejeição a Dilma no patamar de 40%, beirando os 65% em alguns municípios.

É essa a moldura que realça o quadro do embate eleitoral no Rio nos próximos 12 dias.

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