• Ex-presidente entende que o candidato precisa mostrar mais indignação com os problemas do país
Silvia Amorim – O Globo
SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sugeriu nesta segunda-feira que a campanha de Aécio Neves (PSDB) mostre maior indignação e dramatize mais diante dos problemas do país. FH esteve em um almoço com empresários em São Paulo. Em seu discurso, ele fez campanha contra o voto útil no primeiro turno e disse que o Brasil perdeu o rumo.
— Acho que tem faltado indignação (à campanha de Aécio). Esse é um problema difícil porque tem os marqueteiros, opiniões para lá e para cá. Mas acho que num dado momento é preciso mostrar com mais energia e indignação o que está acontecendo. Não estou criticando ninguém. Há momentos para isso. Não é a toda hora. Vou dar um exemplo estapafúrdio. Não haveria mensalão se não fosse o Roberto Jefferson, porque ele dramatizou. Em certos momentos, tem que dramatizar para que a população sinta — aconselhou o ex-presidente.
FH disse que a campanha da adversária Marina Silva (PSB) saiu na frente nessa estratégia.
— Eu não sou marqueteiro, mas acho que a dramatização é um modo de comunicação importante. Ela pode se dar a qualquer momento. Vou dar um exemplo recente. A Marina respondeu a Dilma de uma maneira dramática a respeito das acusações de que ela acabaria com o Bolsa Família. Por que o Aécio não pode? Pode. Se ele vai fazer é problema dele e dos que o aconselham. Não precisa ser só o Aécio. Nós todos podemos dramatizar.
No encontro com os empresários, FH deu algumas linhas do que seria esse discurso mais dramático.
— O que está acontecendo na Petrobras é passível de uma dramatização direta porque exemplifica concretamente o que está acontecendo em muitos outros lugares (do governo). Nós temos que cobrar os responsáveis pelo governo, isto é, a presidente Dilma e seus ministros. Isso é sério. Houve um assalto ao cofre público.
O ex-presidente disse acreditar na "honestidade" da presidente Dilma Rousseff diante das denúncias envolvendo a estatal, mas, indiretamente, a responsabilizou pelo ocorrido.
— O que estamos assistindo é vergonhoso em matéria de decência. Há responsáveis. Não temos tido a energia de chamar assim os responsáveis. Os donos do poder são responsáveis pela corrupção quando ela é sistêmica. E no Brasil temos uma corrupção sistêmica. Não é possível que quem esteve no comando nunca tenha visto (a corrupção na Petrobras). Ou é incompetente ou é conivente.
Não ao voto útil
FH pediu aos empresários que não adotassem o voto útil daqui a duas semanas. Aécio seria o maior prejudicado por essa conduta do eleitorado. Em pesquisa informal feita com os cerca de 600 empresários que participaram do almoço, 53% disseram acreditar numa vitória de Marina, 35% de Aécio e 12% de Dilma.
— No primeiro momento tem que votar em quem você acha que é o melhor. Depois vota no que é o menos mau.
O ex-presidente se recusou a responder a perguntas dos empresários sobre um eventual apoio do PSDB no segundo turno e demonstrou confiança numa virada a favor de Aécio.
— Eleição se ganha no dia. Eu vinha na frente, todas as pesquisas davam que eu seria eleito e perdi a eleição para — Jânio lembrou.
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