“Bem antes do seu desenlace em outubro, estas eleições, qualquer que seja o vitorioso nas urnas, já nos deixam resultados tangíveis. O principal deles está na confirmação de que a via régia para as mudanças reclamadas difusamente pelas ruas se encontra nas instituições da democracia política, cujo aperfeiçoamento se tornou imperativo. Um longo ciclo, de Fernando Henrique Cardoso aos governos do PT, em que o moderno vem tendo de pagar pedágio às forças do atraso e às tradições do mando oligárquico, calculando e moderando cada passo com vista a manter sua coalizão com ele, já esbarrou nos seus limites.
Este ciclo encontra quem o defenda na presente competição eleitoral e a coalizão política, que ainda preconiza a sua continuidade, parece ser a favorita para vencê-la. Mas está exangue e tem contra si, a esta altura, uma consciência crescente por parte da população dos seus efeitos perversos sobre a vida social e a política. Nesse sentido, com a sociedade alinhada em direção oposta, consiste numa política de alto risco conceder mais uma oportunidade a ela.”
Luiz Werneck Vianna, professor-pesquisador do Departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio. A sucessão presidencial e seus riscos. O Estado de S. Paulo, 20 de setembro de 2014.
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