• A SEC, agência do mercado de ações e títulos nos EUA, abriu investigação sobre o caso, e ainda falta conhecer a lista de políticos do esquema de corrupção
A visão conspiratória de que o escândalo na Petrobras obedeceria a um enredo sob encomenda para desestabilizar a candidatura de Dilma Rousseff não sobrevive a um mínimo de bom senso. O andamento das investigações da Operação Lava-Jato, da PF — a que devassou os laços entre o doleiro Alberto Yousseff e o diretor da estatal Luís Roberto Costa —, precisaria se articular com o calendário de interrogatórios na Justiça e MP, alguns sob supervisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo, para produzir um noticiário negativo ao governo do PT em setembro e outubro.
O noticiário existe, mas por outro simples motivo: porque o escândalo do superfaturamento de contratos de empreiteiras com a Petrobras, para financiar propinas e caixa dois de políticos e campanhas, se configura mesmo como de grandes proporções. Tanto que se prevê a divulgação de informações ainda mais danosas ao PT — e não apenas para ele — tão logo o segredo de justiça sobre depoimentos que envolvam acusados com foro privilegiado, políticos em cargos eletivos, seja suspenso. O pior ainda estaria por acontecer.
A amplitude do escândalo é tal que, segundo o jornal "O Estado de S.Paulo", Roberto testemunhou que até mesmo o então presidente do PSDB, Sérgio Guerra, teria recebido suborno do esquema, em 2009, para ajudar a inviabilizar uma CPI sobre a Petrobras. Morto há sete meses, Guerra não pode se explicar.
A história ficou ainda mais séria porque Dilma, no sábado, admitiu que houve "desvio de dinheiro público" na Petrobras, ao afirmar em entrevista que se desdobrará para "ressarcir o país". É algo inédito, porque nunca foi admitido formalmente por alguém do PT qualquer malfeito de militantes. Até hoje, com mensaleiros em cumprimento de penas, não se reconhece sequer que houve o mensalão. Pode ser uma manobra eleitoreira para tentar reduzir danos à campanha de Dilma, causados pela pecha de corrupto que parece pespegar no PT, não bastasse ter sido ela presidente do conselho de administração da empresa. O resultado prático da afirmação da candidata, porém, é a confirmação definitiva do escândalo.
Desdobramentos começam a ocorrer. Nos Estados Unidos, a SEC (Securities and Exchange Commission), agência responsável pela fiscalização do mercado de ações e títulos, instaurou investigação sobre o caso. Afinal, recibos de ações da Petrobras são negociados em Nova York, e seus detentores terão sido lesados pela retirada fraudulenta de recursos do caixa da estatal. Entre as vítimas também estão os acionistas brasileiros, em que se destacam trabalhadores que investiram o FGTS nas ações da empresa. Missão para a CVM.
Para o ano que vem, primeiro do próximo governo, já está contratada a turbulência a ser causada pela divulgação da lista de políticos financiados por esse dinheiro sujo, a ser avaliada pelo Supremo e Ministério Público. O escândalo, então, ainda evoluirá bastante.
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