Vandson Lima – Valor Econômico
BELÉM - Minutos depois da divulgação de pesquisa do Datafolha, que mostrou pela primeira vez neste segundo turno a presidente Dilma Rousseff (PT) à frente de Aécio Neves (PSDB) na corrida presidencial, o candidato tucano subiu ao palco em um comício em Belém (PA) no qual colocou como prioridade da disputa a oportunidade de "tirar o PT do governo".
"O que está em jogo não é apenas a vitória de um candidato. É a chance de tirar o PT do governo e ter a nossa libertação. Está nas mãos de cada um de vocês, dos homens e mulheres de bem", bradou Aécio, que aparece na pesquisa com 48% dos votos válidos contra 52% de Dilma.
Para Aécio, "na reta final é quando o eleitor faz a comparação definitiva", referindo-se tanto a sua candidatura quanto do governador Simão Jatene (PSDB), que aparece na disputa pela reeleição em situação de empate técnico e numericamente atrás de Helder Barbalho (PMDB).
Acompanhado do ex-jogador Ronaldo, da cantora Fafá de Belém e do deputado Paulinho da Força (SD-SP), Aécio garantiu que, se eleito, concluirá as obras da usina de Belo Monte, mas ressalvou. "Precisamos diversificar nossa matriz energética". Para Aécio, "esse governo é o das obras anunciadas e permanentemente adiadas".
No Estado onde a disputa local é a mais acirrada do país - com Jatene e Barbalho tendo se mantido com percentuais próximos durante toda a disputa e indo ao segundo turno com uma diferença de apenas 50,5 mil votos (1,4%) em favor do pemedebista -, o governador aposta nos apoios de Marina Silva (PSB) e Aécio para virar a eleição se reeleger neste segundo turno. Segundo a última pesquisa Ibope, divulgada no sábado, Barbalho aparece na frente com 52% das intenções de voto, numericamente à frente de Jatene, com 48%, o que indica empate técnico.
Para o governador, pesaram contra sua candidatura à reeleição a forte oposição das mineradoras que atuam no Estado e a estratégia de Barbalho de colar em Jatene a pecha de anti-separatista, em referência ao plebiscito de 2011 que pretendia dividir o território e criar os Estados de Carajás e Tapajós, que acabou rejeitado por 66,5%.
No primeiro caso, a criação de uma taxa de fiscalização da produção mineral afugentou potenciais doadores da campanha do tucano. "Isso afetou fortemente as contribuições de campanha. Não entrou um real de doação das mineradoras", conta.
Sobre o plebiscito, que entrou na pauta nas últimas semanas do primeiro turno, foi uma via de mão dupla: a campanha de Barbalho trabalhou fortemente nos municípios do sul e oeste do Pará para mostrar Jatene como "culpado" pela não divisão, o que fez com que essas cidades votassem contra o governador. Na outra ponta, Jatene usou de sua propaganda para dizer que Barbalho iria dividir o Pará. "Nunca disse que eu era contra a divisão, apenas que não dá para seguir essa maluquice de plebiscito, que sem nenhum planejamento jogou os municípios uns contra os outros", diz o governador. "Essa experiência foi um desastre para o Pará, criou um cenário de cisão no Estado".
Na capital Belém, contrária à divisão, Jatene venceu com boa margem, alcançando 57,1% dos votos válidos em primeiro turno, resultado verificado também na região metropolitana. Em Santarém e Marabá, que seriam capitais dos novos Estados de Tapajós e Carajás, Helder Barbalho venceu com larga diferença, respectivamente de 68,6% e 67,4%. O vice de Barbalho, deputado Lira Maia (DEM), é autor de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para viabilizar um novo plebiscito, com a participação apenas de eleitores das regiões separatistas.
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