- O Globo
O salário mínimo começou um forte processo de recuperação logo após o Plano Real. Ele subiu acima da inflação quase todos os anos. O maior aumento real, descontado o IPCA, foi no primeiro ano do governo Fernando Henrique: 16,7%. O segundo maior reajuste foi de 13,11% em 2006, no último ano do primeiro mandato de Lula. Ao todo, de 1994 a 2013, o salário subiu 158%.
A vitória sobre a hiperinflação iniciou a recuperação do valor real do salário mínimo. Antes, era impossível manter a capacidade de compra. Em termos de aumento médio por período de governo, a presidente Dilma deu aumento real de 3,7% ao ano nos três primeiros anos de mandato. Em 2014, o aumento nominal foi de 6,78%. Se o IPCA ficar em 6,45%, o ganho real este ano ter á sido de míseros 0,3%. E isso reduzirá a média anual do governo Dilma para 2,85%. No primeiro governo Fernando Henrique, o aumento médio real ao ano foi de 6,83%. No segundo período, houve duas quedas, nos anos de crise de 1999 e 2002.
Mesmo assim, o aumento foi só um pouco menor do que o da presidente Dilma: reajuste real de 2,56% ao ano, em média. No primeiro governo Lula, houve apenas um ano de aumento baixo, 0,68% em 2004, mas foi o mandato com a maior média anual, 8,19%. Já no segundo governo, a média do reajuste caiu para 4,51%. Há também outra forma de se fazer as contas, que é o acumulado em cada período de governo, como se pode ver abaixo. A melhor fase foi o primeiro governo Lula, com 36,5%. O segundo melhor é o FHC I, com 29,5%. Depois, Lula II, em que o aumento foi de 19,2%.
O pior período foi o segundo governo tucano, 10%, encostado em Dilma, com 11,7%. A recuperação da capacidade de compra do salário mínimo, descontada a inflação, é constante com um ou outro ano de desempenho baixo ou negativo. A fórmula de reajuste agora estabelece que o mínimo sobe de acordo com o crescimento de dois anos antes e a inflação do ano anterior. Daqui a dois anos o aumento real será zero, porque o país está estagnado em 2014.
Os governos do PT e PSDB não estão divididos entre elevadores e redutores do mínimo. Em todos os períodos houve alta acima da inflação, e o segundo pior desempenho desde o Real é o da atual presidente. Difícil entender o que a presidente Dilma quer dizer quando garante que, se a inflação for a 3%, a taxa de desemprego vai a 15%. O professor Márcio Garcia, da PUC-Rio , disse que a teoria do "trade off" entre inflação e desemprego é dos anos 60.
"A estagflação pós-primeira crise do petróleo mostrou que isso era falso." Ele garante que "dizer que uma inflação de 3% no médio prazo levaria a desemprego permanentemente alto é desconhecimento de teoria e empiria econômica". Quem olha em volta vê países com baixa taxa de inflação. A do Peru será de 3% este ano, e o país vai crescer 3,1%, com expectativa de 5,5% de expansão no ano que vem. Isso tudo com desemprego em 5,6%
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