Dilma à frente de Aécio
• Datafolha mostra vantagem da petista pela primeira vez no 2º turno, mas em empate técnico
Silvia Amorim e Simone Iglesias – O Globo
SÃO PAULO e BRASÍLIA - Pesquisa Datafolha divulgada ontem à noite mostrou, pela primeira vez desde o início do segundo turno, a presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) numericamente à frente de Aécio Neves (PSDB). Mas ambos continuam empatados tecnicamente, dentro da margem de erro. Na soma dos votos válidos, quando são excluídos os votos em branco e nulos e os eleitores indecisos, Dilma registrou 52% e Aécio, 48%.
Do total das intenções de voto, Dilma registrou 46% e o tucano, 43%. Como a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, Dilma teria entre 44% e 48% das intenções de voto e Aécio, de 41% a 45%, ou seja, empate técnico. Votos em branco e nulos são 5%. Os indecisos, 6%.
Nas duas rodadas anteriores de pesquisas Datafolha, o tucano obteve 51% e a petista, 49% dos votos válidos. A próxima pesquisa Datafolha está prevista para ser divulgada amanhã.
Em comparação às intenções de voto da semana passada, Dilma cresceu três pontos, de 43% para 46%. Aécio oscilou dois pontos para baixo, passando de 45% para 43%. Branco e nulos eram 6%, mesmo patamar dos eleitores que se declaravam indecisos.
Também pela primeira vez, a rejeição do tucano ficou à frente do índice da adversária: 40% ante 39%. Na semana passada, 38% dos eleitores disseram que não votariam nele de jeito nenhum. Duas semanas atrás, eram 34%.
Os que rejeitam Dilma somavam 42% no levantamento anterior e, na primeira pesquisa do segundo turno, o índice era de 43%.
Avaliação do governo melhora
Um dos fatores que podem explicar o desempenho de Dilma na disputa eleitoral é a melhora na avaliação do governo. O grupo de eleitores que consideram a gestão ruim ou péssima ficou em 20%, o menor desde novembro de 2013. Na pesquisa anterior eram 21% e, em novembro passado, 17%. O grupo que considera o governo ótimo ou bom passou de 40% para 42%. Os que classificam como regular diminuíram de 38% para 37%.
O Datafolha também mediu a consolidação dos votos. O percentual de eleitores que disseram votar "com certeza" em Dilma subiu de 42% para 45%. No caso de Aécio, esse grupo era 42% e agora está em 41%. O número daqueles que afirmaram "talvez votar" no tucano ou na petista se manteve inalterado em comparação à pesquisa anterior: 18% para Aécio e 15% para Dilma.
O instituto entrevistou 4.389 pessoas ontem nos 26 estados e o Distrito Federal. A pesquisa, contratada pela Rede Globo e pelo jornal "Folha de S.Paulo", foi registrada na Justiça Eleitoral com o número BR-01140/2014.
No comitê de campanha da presidente Dilma Rousseff, a avaliação com o resultado do Datafolha é a de que ela mostra um começo de crescimento gradual que a levará à reeleição. Segundo dirigentes petistas, os levantamentos internos vinham apontado nos últimos dias um crescimento numérico expressivo, apesar do Datafolha ter trazido um empate no limite da margem de erro.
- Vamos crescer mais a partir desta pesquisa porque ela mostrou uma tendência de crescimento - avaliou o líder do PT no Senado, Humberto Costa.
Ele afirmou, ainda, que o racionamento da água que ocorre em São Paulo é fator decisivo na queda de Aécio. Para Costa, o problema foi escondido no 1º turno para reeleger Geraldo Alckmin governador, mas, agora, não há como contornar a situação:
- Em São Paulo, a situação se complicou para o PSDB. As pessoas estão sem água e isso reflete na campanha.
Para o ministro Ricardo Berzoini (Relações Institucionais), a pesquisa mostra que a campanha de Dilma no 2º turno foi bem recebida pelos eleitores:
- O debate bem feito e verdadeiro que a campanha se propôs a fazer vem sendo assimilado de forma positiva pela população.
Líder do PT na Câmara, o deputado Vicentinho (SP) acredita que o resultado deve animar a militância:
- O resultado é excelente principalmente para levar a militância às ruas.
Coordenador da campanha de Dilma pelo PMDB, o deputado Eliseu Padilha avaliou que esse resultado é reflexo de acertos que ocorreram na campanha desde a semana passada.
- O que ganha eleição não é o ontem, é o amanhã. E Dilma acenou para o amanhã de forma mais objetiva que Aécio - afirmou.
Tucanos lembram votação no 1º turno
Para os tucanos, a opinião é de que ainda é cedo para considerar o resultado definitivo, e que os números seguem dentro da margem de erro, portanto, sem tendência favorável à Dilma. Além disso, alguns lembram que o tucano teve no primeiro turno quantidade significativa a mais de votos do que as pesquisas sinalizavam.
- Tem uma semana de campanha pela frente e ela dura uma eternidade - disse Alberto Goldman, que coordena a campanha em São Paulo.
Ele atribuiu o crescimento de Dilma à campanha agressiva nas redes sociais baseada em "calúnias":
- O PT é o partido do submundo e isso é incontrolável. Não há limites.
O coordenador-geral da campanha de Aécio, senador Agripino Maia (DEM), avaliou que as pesquisas não estão refletindo o sentimento de mudança da população.
- A dinâmica da campanha de Aécio fez com que a diferença entre os números da última pesquisa do primeiro turno e o resultado das urnas chegasse a mais de 7%. A onda continua e vai surpreender - disse o senador.
O deputado Duarte Nogueira (PSDB), presidente do partido em São Paulo, afirmou que não há motivo para preocupação:
- Há uma força de mudança. O dia da eleição é a pesquisa que vale.
Coordenador da campanha de Marina Silva à Presidência e agora aliado de Aécio, o ex-deputado Walter Feldman avaliou os números como contraditórios com as pesquisas internas do partido:
- As pesquisas do primeiro turno mostraram resultados diferentes do que surgiram nas urnas.
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