- Folha de S. Paulo
Errei feio a respeito da trajetória de Marina Silva após a eleição de 2010. Ela submergiu. Começou a formalizar a sua Rede Sustentabilidade muito tarde, só em 2013. Fracassou. Ficou sem partido.
Achei que Marina seria mais uma terceira colocada logo fadada a murchar. Foi assim com outros que ficaram nessa posição e encolheram em eleições subsequentes, seja como candidatos ou apoiando alguém.
Já ocuparam o terceiro lugar Leonel Brizola (1989), Enéas Carneiro (1994), Ciro Gomes (1998), Anthony Garotinho (2002) e Heloísa Helena (2006). Todos tiveram trajetórias declinantes nos anos seguintes.
Em 2010, coube a Marina Silva incorporar a possível terceira via. Por que ela, que nem partido tinha, haveria de voltar com força em 2014? Se política obedecesse a alguma lógica, o normal seria a ex-senadora ter recebido agora menos votos do que há quatro anos. Mas ocorreu o oposto.
No último dia 5, Marina teve 21,3% dos votos válidos, contra 19,3% em 2010. Aliás, vale registrar: ela foi a primeira a ficar em terceiro lugar numa eleição e aumentar seus apoios nas urnas na disputa seguinte.
Nos últimos dias, algumas análises dão conta que Marina teria perdido relevância ao demorar para anunciar o apoio a Aécio Neves. Outros enxergaram um erro crasso na posição pró-PSDB. Talvez essas interpretações sejam com a régua da lógica tradicional da velha política.
Até agora, Marina demonstrou estar construindo um caminho sólido para vocalizar a insatisfação geral dos eleitores. Ela não ganhou, é verdade. Só que seus votos foram a seu favor. Já o sucesso do eventual vencedor será com votos "do contra". Afinal, muitos apoios a Dilma são apenas por aversão a Aécio. E vice-versa. Quantos estão indo às urnas felizes, em festa e a favor de algo?
Nesse cenário, não era a vez de Marina. Mas evitarei dizer, como em 2010, que ela tenderá a sumir do mapa como outros terceiros colocados.
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