• Para Beto Albuquerque, ex-presidente da legenda força situação para deixar a sigla; Rollemberg fala em posição ‘de quem não respeita as instituições partidárias’
Chico de Gois, Evandor Éboli e Isabel Braga
BRASÍLIA — O líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), candidato a vice na chapa de Marina Silva (PSB), afirmou na manhã desta terça-feira que o ex-presidente da legenda Roberto Amaral, com suas críticas na mídia às decisões do partido e manifestações nas redes sociais, dificulta sua permanência na sigla. Outro líder da legenda, o candidato ao governo do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, eleito nesta segunda-feira vice-presidente de Relações Institucionais na Executiva socialista, também criticou o posicionamento de Amaral.
Para Albuquerque, a atitude do ex-presidente do PSB, ao se rebelar contra o apoio a Aécio Neves (PSDB), é um artifício para cavar sua saída da legenda e se transferir para o PT.
— Está se tornando insustentável (a situação de Amaral). O PSB não está dando razões. Ele que está construindo motivos para ele mesmo encontrar a desculpa para abraçar o PT — disse Albuquerque, quando perguntado se a direção do PSB pode abrir algum procedimento disciplinar contra Amaral.
Rollemberg também criticou o posicionamento do ex-presidente:
— A decisão de Roberto Amaral é absolutamente isolada, de quem não respeita as instituições partidárias. O partido se reuniu e decidiu, por ampla maioria, apoiar Aécio Neves por entender que, neste momento, para o fortalecimento da democracia, o melhor caminho é apoiar Aécio para que tenhamos uma gestão eficiente, que garanta a retomada do desenvolvimento econômico e a distribuição de renda no Brasil, com serviços de qualidade.
Num artigo publicado nesta terça-feira no jornal “Folha de S. Paulo”, Amaral afirma que “a recém-revelada disputa interna no PSB não tem como cerne a disputa pela presidência do partido. O que está — e sempre esteve — em jogo é a definição do modelo de Brasil que queremos e, por consequência, do partido que queremos. É nesse ponto que as divergências são insuperáveis, pois entra em jogo uma categoria de valores incompatível com a pequena política”.
Para Amaral, ao se associar a Aécio, o PSB “renega compromissos programáticos e estatutários” e “joga no lixo da história a oposição que moveu ao governo FHC”. O ex-dirigente argumenta que esse posicionamento político gerou “uma divisão praticamente definitiva no partido e revogou a luta de Eduardo Campos”. E conclui dizendo que o PSB renunciou ao seu futuro e “está cometendo um suicídio político-ideológico”.
Albuquerque afirma que a decisão de apoiar Aécio foi tomada pela maioria da bancada eleita do partido, que assume mandato a partir de 2015, e também pela maioria da Executiva. São 34 parlamentares na nova composição do PSB na Câmara:
— Dos 34 deputados, eu consultei 33. Deles, 28 foram a favor de fechar com Aécio. Na Executiva foram 21 votos favor. Se alguém quer prestar serviço ao país, tem que respeitar a vontade da maioria.
Apesar da decisão de apoio ao tucano, Albuquerque afirmou que a legenda deixou à vontade os quatro candidatos socialistas que disputam o segundo turno.
— O Ricardo Coutinho (candidato do PSB ao governo da Paraíba) disputa, afinal, contra o PSDB. Ele está autorizado a apoiar a Dilma.
Futuro de Marina
Sobre o futuro de Marina Silva, o líder do PSB disse que ela poderá permanecer no partido até quando ela desejar. Ele afirmou que o PSB a recebeu tendo noção de que seu projeto era criar a Rede. Albuquerque afirmou ainda que o mal-estar entre o novo presidente do PSB, Carlos Siqueira, com Marina Silva está superado. Logo após a morte de Eduardo Campos, incomodado com atitudes da ex-ministra em relação à condução da coligação, Siqueira deixou a campanha com críticas a ela.
Fusão
Beto Albuquerque confirmou a possibilidade de fusão com outros partidos, mas disse que não é proposta a curto prazo. Segundo ele, a discussão de possível fusão com o PPS tem que ser feita, e que essa conversa começou ainda com Eduardo Campos vivo, após o apoio da legenda de Roberto Freire à sua candidatura:
— É importante discutir a fusão. Podemos criar uma grande janela, mas tem que ser partidos com identidade histórica. O PPS é o antigo PCB, nossa identidade vem lá de trás. Nossa porta é uma porta que se abre, mas que não pode ser escancarada. Tem que ser uma fusão com critérios.
O líder reuniu os novos eleitos do PSB nesta terça-feira para uma conversa e, no seu discurso, falou do rompimento como PT. Segundo ele, ao lançar candidatura própria, a legenda escolheu “um caminho de protagonismo político”, e, que se fosse desejo de apoiar Dilma, não o teria feito. Em caso de vitória da petista, Albuquerque prevê dificuldade na relação e na reaproximação com o PT.
— É muito difícil, quem se divorcia, casar com a mesma mulher de novo — afirmou Albuquerque.
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