- O Globo
Analisando as recentes pesquisas do Datafolha e do Ibope (hoje, o Ibope divulga uma nova pesquisa), o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, diretor do Iuperj, diz que, do ponto de vista dos estratos socioeconômicos, a eleição parece estar sendo jogada nos 43% de eleitores que o Datafolha classifica como de "renda média intermediária" e "média baixa" ou nos 51% que têm renda mensal entre dois e 10 salários mínimos.
Isto porque, salienta, os setores de renda mais baixa já estão ganhos para a candidatura de Dilma: entre os "excluídos", ela tem 57% (contra 31% de Aécio) e entre os que ganham até 2 salários mínimos, Dilma tem 52% (contra 37% de Aécio). Nos estratos de "classe alta", Aécio tem 68% das preferências contra 24% de Dilma e, nos que ganham mais de 10 salários mínimos, Aécio tem 69% contra 24% de Dilma. Nos estratos médios, há um "empate técnico" com ligeira vantagem para Aécio (50% contra 41%). No critério PEA (População Economicamente Ativa) x Não PEA, Aécio tem ligeira vantagem entre as ocupações PEA (49% x 43% de Dilma), mas perde na população Não Economicamente Ativa (47% para Dilma x 41% de Aécio). Pelo lado da "oferta política", Geraldo Tadeu considera que "certamente serão os 22 milhões de eleitores de Marina Silva que decidirão as eleições". Nas pesquisas anteriores ao 1º turno, 59% dos marineiros declaravam voto em Aécio no 2º turno contra 24% que pretendiam votar em Dilma.
Após o 2º turno, os aecistas são 66% entre os eleitores de Marina enquanto os dilmistas são 18%. Por esse cálculo, Aécio deve herdar cerca de 14,636 milhões de votos de Marina enquanto Dilma receberá perto de 3,991 milhões. O saldo líquido pró- Aécio pode ser de cerca de 10,644 milhões de votos , suficientes para compensar a vantagem de 8,341 milhões de votos que Dilma teve no primeiro turno. Neste quadro, compute- se ainda que 28% dos eleitores que, no 1º turno, votaram em branco ou nulo, declaram voto em Aécio, ao passo que 11% declaram voto em Dilma. Essa conta também é favorável para Aécio em mais 1,886 milhão . Do ponto de vista regional, a eleição se decidirá nos três principais colégios eleitorais (São Paulo, Minas e Rio). As pesquisas mais recentes indicam que Aécio ultrapassou Dilma em Minas, aumentou a vantagem em São Paulo e está empatando com Dilma no Rio.
No Nordeste, Dilma tem ampla vantagem: teve 16,4 milhões de votos contra 4,22 de Aécio. A transferência de votos de Marina para Aécio e Dilma deve representar um acréscimo de 4,127 milhões de votos para Aécio , o que reduzirá a vantagem de Dilma para 9,177 milhões de votos . Essa vantagem deverá ser compensada por Aécio no Sudeste, analisa Geraldo Tadeu, onde deverá obter uma vantagem de cerca de 10,990 milhões de votos. O Nordeste e o Norte são solidamente pró-Dilma, o Centro-Oeste solidamente pró-Aécio. Outro ponto favorável ao tucano é o fato de ele vencer nas regiões metropolitanas (onde tem 47% contra 39% de Dilma) e nos municípios de maior porte (48% para Aécio e 38% para Dilma nos municípios com mais de 200 mil eleitores).
No interior, há empate (46% x 46%), Dilma vencendo nos municípios com menos de 50 mil habitantes (51 x 42%). Em uma eleição apertada como essa, que deve ser vencida por margem bastante reduzida, é preciso analisar os detalhes das pesquisas. Ressalto que a mais recente do Datafolha — a próxima será divulgada na quinta-feira — mostra que os eleitores estão com votos cristalizados. No caso do Aécio, há 91% dos seus eleitores que dizem que votariam de novo nele "com certeza" no 2º turno. No caso da Dilma, um número quase igual: 88% dos seus eleitores repetiriam o voto "com certeza". O destaque fica por conta daqueles que declararam voto em Dilma e que votariam "com certeza " ou "talvez votassem" em Aécio Neves , que são 35%. No caso contrário, os que dizem que poderiam votar na Dilma tendo votado em Aécio, são 17%.
Dilma tem potencial bem menor de roubar votos que Aécio nesta reta final. Dentre os que votaram na Dilma, 63% dizem que não votariam em Aécio "de jeito nenhum", mas dentre os que votaram em Aécio, não votariam na Dilma 82%. A rejeição a Dilma entre os eleitores do Aécio é bem maior, portanto. O potencial de eleitores do Aécio entre os que votaram na Marina é de 80%, e da Dilma, 34%, mas com 65% de rejeição. Dos eleitores que optaram por voto branco, nulo ou nenhum, 55% poderiam votar em Aécio. No caso da Dilma, apenas 34%, com uma rejeição de 73%, o que mostra que Dilma tem um grau de rejeição elevadíssimo entre os que não votaram nela.
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