• No primeiro embate no segundo turno da eleição, Aécio cobra Dilma sobre denúncias na Petrobras e petista acusa tucano de empregar familiares em MG
• Em intensa troca de farpas, Aécio chamou Dilma de leviana, e ela o acusou de 'fabular' sobre Bolsa Família
Andréia Sadi, Catia Seabra, Daniela Lima, Gustavo Uribe, Lígia Mesquita e Ranier Bragon – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO, BRASÍLIA - No primeiro debate do segundo turno das eleições presidenciais, Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) trocaram pesados ataques na noite desta terça-feira (14), relacionando um ao outro a atos de corrupção, nepotismo e patrocínio de interesses privados.
No evento promovido pela TV Bandeirantes --o primeiro dos quatro debates previstos para o segundo turno--, o tucano e a petista também acusaram um ao outro de serem levianos e de liderarem uma campanha de mentiras.
O clima reflete a acirrada disputa pelo Palácio do Planalto. De acordo com pesquisa do Datafolha divulgada na sexta-feira (10), Aécio tinha 51% das intenções de voto, ante 49% de Dilma.
Logo no segundo bloco do debate, o tema corrupção veio à tona, por iniciativa do tucano, que chamou de "absolutamente inacreditável" denúncia envolvendo a Petrobras.
Revelado na esteira da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, o escândalo da Petrobras ganhou projeção com a divulgação, na semana passada, de depoimentos do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa (1) e do doleiro Alberto Youssef. Segundo os dois, recursos desviados da estatal abasteceram campanhas de PT, PMDB e PP.
A petista respondeu dizendo que sua indignação é a mesma de todos os brasileiros, mas partiu para o ataque. Citou casos relacionados aos tucanos, como o mensalão mineiro, o cartel de trens de São Paulo e a compra de votos para a aprovação da reeleição durante o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (1995-98).
"Aonde estão todos os envolvidos no caso da compra de reeleição? Todos soltos. [...] O que eu não quero é isso, candidato. Eu quero todos aqueles culpados presos."
"A senhora busca comparar coisas muito diferentes. O que acontece na Petrobras é algo extremamente grave", respondeu Aécio.
A petista seguiu na ofensiva, lembrando a revelação, feita pela Folha, de que o adversário, durante sua gestão no governo de Minas (2003-2010), construiu um aeroporto numa área desapropriada na fazenda de um tio-avô, em Cláudio. Além disso, acusou o tucano de nepotismo.
"Eu quero dizer que o nepotismo é crime. O senhor teve uma irmã, três tios e três primos no seu governo."
Aécio mostrou indignação. "Eu quero responder olhando nos seus olhos. A senhora está sendo leviana, candidata. O Ministério Público Federal atestou a regularidade dessa obra", disse.
Sobre a irmã (2) Andrea Neves, uma de suas principais auxiliares, também mostrou-se exaltado. "A senhora tem a obrigação agora de dizer onde minha irmã trabalha. Sua propaganda é uma mentira. A senhora mente aos brasileiros para ficar no governo. [...] A senhora deixou o governo num mar de lama."
"Leviano, neste caso que estamos discutindo, foi o senhor", rebateu Dilma.
O clima acirrado permeou todo o debate, com alfinetadas veladas. A presidente, que é mineira, disse que não saiu de Minas "a passeio", em referência ao fato de Aécio se dividir entre Minas e o Rio. Ao rebater Aécio, Dilma acusou o tucano de "fabular" em citação ao Bolsa Família.
Só nas considerações finais Aécio citou Marina Silva (PSB), terceira colocada na eleição, que declarou apoio ao tucano. Apesar do duro embate, os dois se cumprimentaram no final.
(1) Dilma presidiu o Conselho de Administra-ção da Petrobras no governo Lula e só mandou demitir Paulo Roberto Costa no segundo ano de seu mandato como presidente
(2) No governo Aécio, sua irmã Andrea Neves presidiu o Serviço Voluntário de Assistência Social do Estado e chefiou um grupo de assessoramento na área de comunicação
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