Elizabeth Lopes – O Estado de S. Paulo
O senador eleito por São Paulo, José Serra (PSDB), afirmou na noite desta terça-feira, 18, que a presidente Dilma Rousseff (PT) ganhou as eleições, mas "é como se tivesse perdido". "Temos hoje um governo com descrédito de confiança, o que é um fator negativo, não se espera que o governo (Dilma) seja capaz de enfrentar um quadro econômico difícil", disse ele, em conference call realizado pela GO Associados, cujo tema é o quadro econômico atual e as perspectivas para os próximos anos.
"O elemento fundamental é analisar expectativas dos agentes econômicos que têm papel decisivo no que vai acontecer na próxima gestão do governo. Não se trata de um governo que ganhou eleição e ficou a euforia, os agentes econômicos encaram o governo como se ele tivesse perdido". Segundo o senador eleito, um novo governo deveria contar com um fator de renovação, que é o crédito de confiança. Na sua avaliação, contudo, o atual governo está muito distante disso.
Serra destacou ainda que há outra questão vital, que é o fator inépcia. "Um governo novo teria trazido gente mais apta para desempenhar seu papel no Executivo, mas o que se espera é que a próxima gestão desta governo seja igual ou pior (à anterior)". Para exemplificar, o senador eleito disse que o Executivo federal funciona sem Casa Civil e Ministério do Planejamento. "E tudo indica que o governo vai continuar sem Casa Civil. Parece piada crer que vai aprovar algo importante no parlamento sem Casa Civil." Serra destacou que o problema não é tanto a indefinição do novo ministro da Fazenda, mas sim o que vai acontecer no núcleo do governo, que deve ser a Casa Civil e o Planejamento.
Para o ano que vem, o tucano diz que haverá mais um complicador, que é a situação do Congresso Nacional, onde o governo não conta com maioria estável, apenas numérica. "Outro problema é saber quem vai estar envolvido no escândalo da Petrobras, fala-se em 70 a 80 políticos e este é um fator que está atrasando a formação de governo (Dilma)." Na sua avaliação, o governo petista não tem como se renovar. "Hoje não temos descontrole inflacionário, mas temos muitos outros problemas", disse.
Na conferência da GO Associados, o senador eleito disse que não há chance de o governo promover uma reforma tributária no curto prazo. E diante da dificuldade fiscal enfrentada pela gestão da presidente Dilma Rousseff, a elevação da CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) parece a medida mais provável a ser adotada. Serra alertou que se o caminho for esse, haverá impacto inflacionário.
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