segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Valdo Cruz - Imagem e semelhança

- Folha de S. Paulo

As semelhanças entre Dilma Rousseff e Graça Foster explicam muito da resistência da primeira em demitir a segunda e, também, parte da crise pela qual atravessa a maior estatal brasileira.

Dilma e Graça traçaram juntas uma operação limpeza na Petrobras, desagradando e muito o mundo petista. Hoje, depois de tantas revelações de corrupção, fica mais claro por que a comandante da empresa virou alvo de fogo amigo.

Ao estilo Dilma, Graça trocou quase toda diretoria da empresa e impôs um novo modelo de gerência na estatal. Centralizado e operado na base da mão pesada, bem ao gosto de sua amiga. Como no Planalto, broncas passaram a ser algo comum dentro da petroleira.

Aos amigos, a presidente da Petrobras justificava que precisava colocar ordem na casa. Ministros que conviveram com ela de perto e conhecem bem a estatal dizem que Graça exagerou. Foi Dilma demais e começou a travar a empresa.

Dilma Rousseff e Graça Foster são pessoas sérias, dedicadas e centradas. São vistas como boas executoras de ordens, mas ainda não souberam, na visão de quem está ao lado delas, ocupar o papel de líderes, que conquistam equipes pelo convencimento, e não pela imposição.

Em momentos de crise, como o atual na Petrobras, isso faz toda a diferença. Tudo fica muito mais difícil de ser administrado e executado, como ocorre hoje, quando o escândalo da petropropina contamina a gerência do dia a dia da estatal.

Dentro do governo, trocando ou não a diretoria da empresa, a avaliação é que a presidente Dilma precisa montar um gabinete de crise dentro da estatal para separar a administração da banda boa da podre.

Um grupo ficaria incumbido só de gerenciar a crise gerada pelo escândalo de corrupção. Outro focaria na tarefa de fazer a empresa se recuperar, tentando evitar a perda do grau de investimento. Enfim, a petroleira precisa sair das cordas.

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