quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Renan tratora oposição e clima esquenta com bate-boca no Senado

• Em retaliação ao apoio do PSDB e do PSB a Luiz Henrique para a presidência da Casa, peemedebista articula boicote a opositores

Amanda Almeida – Correio Braziliense

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não perdeu tempo ao dar o troco aos partidos que apoiaram o correligionário Luiz Henrique (PMDB-SC), derrotado na eleição para o comando da Casa. Após mais de três horas de bate-boca na sessão desta quarta (4), o grupo de Renan conseguiu excluir o PSDB e o PSB da Mesa Diretora da Casa.

A disputa pelas duas vice-presidências e quatro secretarias acabou se tornando um racha político entre a oposição e o comando do Senado. Renan e Aécio Neves (PSDB-MG) protagonizaram a discussão mais acalorada da noite, em que os adversários da presidente Dilma Rousseff deixaram o plenário da Casa com a promessa de endurecer a atuação no campo opositor.

Aécio acusou o peemedebista de não respeitar o critério da proporcionalidade por “compromissos que assumiu durante a campanha para a presidência”. “Vossa excelência perde a legitimidade para ser presidente dos partidos de oposição nesta Casa”, disse Aécio.

“Que bom que isso esteja sendo dito por vossa excelência, que foi candidato a Presidente da República, e tem a dimensão do que é a democracia”, rebateu Renan, acrescentando que “por isso, deu no que deu”, em referência à derrota de Aécio nas urnas.

No plenário, Renan sustentou que, como os líderes partidários não chegaram a um consenso para indicar nomes à Mesa Diretora, a escolha seria por votação. Tradicionalmente, os seis cargos são divididos entre os partidos de acordo com os tamanhos das bancadas. Segundo esse critério, conhecido como regra da proporcionalidade, o PSDB teria direito a indicar um nome para primeira-secretaria e o PSB, para a quarta-secretaria. Como retaliação ao lançamento de Luiz Henrique (PMDB-SC) para a disputa à Presidência do Senado, ocorrida no último domingo, Renan e aliados, no entanto, articularam para excluir as duas legendas.

A estratégia é arquitetada pelo grupo desde domingo, quando Luiz Henrique saiu derrotado da disputa. Na sessão, a oposição tentou evitar a perda dos cargos até o último instante. “Se vossa excelência, com a sua liderança, está optando em, daqui para frente, ser presidente de 49 senadores, vossa excelência vai presidir esses 49 senadores (que votaram em Renan no último domingo). Nós outros seremos presididos, como sempre fomos, pelo povo brasileiro”, disse o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB).

Aécio Neves atacou: “Fizemos isso (lançar Luiz Henrique) para manifestar a nossa discordância em relação à condução da Casa em relação à independência que ela não alcançava”. Sem sucesso, PSDB, PSB e DEM deixaram o plenário no momento da votação. Antes, o tucano e Renan travaram bate-boca aos gritos.

Por fim, foram eleitos para os outros cargos: Jorge Viana (PT-AC), primeira vice-presidência; Romero Jucá (PMDB-RR), segunda vice-presidência; Vicentinho Alves (PR-TO), primeira-secretaria; Zezé Perrella (PDT-MG), segunda-secretaria; Gladson Cameli (PP-AC), terceira-secretaria; e Ângela Portela (PT-RR), quarta-secretaria.

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