• Das 182 assinaturas colhidas, quase um terço vem de partidos da base; PT luta por presidência ou relatoria
Isabel Braga – O Globo
BRASÍLIA - Deputados de oito partidos da base aliada foram decisivos para a nova derrota do governo Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. Entre as 182 assinaturas colhidas no requerimento de criação de uma nova CPI da Petrobras na Casa, apresentado pela oposição na noite de terça-feira, estavam 52 de deputados de partidos aliados, 28,5% do total. Sem essas 52 assinaturas, o requerimento não seria validado, já que são exigidas ao menos 171 firmas para dar entrada numa CPI. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que analisará nesta sexta-feira os pedidos apresentados, mas afirmou que não há dúvida nenhuma de que a da Petrobras será criada.
— Eu sou favorável à CPMI (CPI mista, com o Senado). Disse que assinaria. Politicamente, pela relevância, seria mais apropriado uma mista, mas optaram por protocolar uma na Câmara. É direito, é regimental. Tem fato determinado e, se tiver o número de assinaturas, não há dúvida nenhuma (que será criada).
A presidente Dilma Rousseff agendou um encontro para às 16h desta quinta-feira com os presidentes eleitos das duas casas do Congresso, Eduardo Cunha e Renan Calheiros. Será a primeira reunião com os dois, após a eleição de domingo. O convite foi feito nesta quarta-feira através do vice-presidente, Michel Temer.
Entre os partidos da base, o PDT deu o maior número de assinaturas para a nova CPI da Petrobras, com 14 deputados apoiando, inclusive o novo líder da bancada, deputado André Figueiredo (CE). Também assinaram a CPI 12 deputados do PSD, dez do PMDB, sete do PR, cinto do PP, dois do PRB, um do PROS e um do PTB. Na primeira reunião como líder do governo, José Guimarães (PT-CE) minimizou a ajuda dos aliados à oposição. Preferiu comemorar o fato de líderes de partidos aliados que se uniram a Cunha terem comparecido à reunião, entre eles os do PP e do PRB:
— Oito partidos vieram. Foi um bom começo. Sei que alguns assinaram (o requerimento), mas ninguém tem direito de puxar orelha de ninguém.
A oposição correu contra o tempo e entregou o pedido de abertura de CPI antes que outras, articuladas pelos petistas, fossem apresentadas. A Câmara só permite que cinco CPIs funcionem ao mesmo tempo. As que chegam depois ficam na fila. O pedido referente à estatal foi o terceiro a ser oficialmente apresentado à Câmara dos Deputados. Antes dele, já haviam sido admitidos requerimentos para investigar as pesquisas eleitorais a partir do ano 2000 e denúncias de irregularidades nos planos de saúde.
Além dessas, o PT protocolou três pedidos de CPIs para apurar causas da violência no país, razões da violência contra jovens negros e a realidade do sistema carcerário.
Segundo o regimento da Casa, assim que analisar os pedidos, Cunha pedirá que os líderes indiquem o nome dos integrantes das comissões.
O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), disse que a oposição continuará buscando assinaturas para também instalar uma CPI mista da Petrobras. Segundo ele, ela já tem o apoio de 152 deputados e são necessárias pelo menos 27 senadores.
Atropelado pela oposição, o PT parece disposto a tentar minimizar os danos e, para isso, o novo líder da legenda, Sibá Machado (AC), anunciou que lutará para que a sigla, que tem o maior número de deputados, indique o presidente ou o relator da nova comissão. (Colaborou Chico de Gois)
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