- O Globo
O que chamou a atenção na manifestação de ontem é que os protestos contra a corrupção
Foram praticamente dirigidos ao governo, poupando o Congresso Nacional, que detém o maior número de investigados: 35 até agora, quase próximo ao dos denunciados do mensalão, mas robustecido pelos nomes dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros.
Comparado com a extensa pauta das manifestações de junho de 2013, a de ontem concentrou-se praticamente nos escândalos da Petrobras, enquanto a de quase dois anos atrás era uma verdadeira metralhadora giratória, com alvos apontados inclusive para Renan, que na época já era presidente do Senado. Cinco meses antes daqueles protestos, 1,3 milhão de assinaturas enviadas ao Senado pedia a destituição de Renan, números estes, para se ter uma ideia, superiores ao do total de pessoas reunidas no Rio, palco da maior concentração de 2013.
Em resumo, surpreendeu o fato de, a não ser em poucas faixas quase invisíveis, os polêmicos presidentes Renan Calheiros e Eduardo Cunha e mais 33 parlamentares terem passados incólumes dos protestos, sendo Renan e Cunha, repita-se, os maiores atores, até agora, da operação Lava-Jato, no campo político.
Se as ruas mudaram e expulsaram de cena os baderneiros, como se verificou nas duas manifestações , as pró e contra o governo, este também terá que mudar, se não quiser ver a ampliação do movimento.
E que fique na memória de todos os agentes políticos, do governo e da oposição, a grande indagação feita por Ulysses Guimarães ao seu companheiro de jornada Luiz Inácio Lula da Silva, no final da campanha das Diretas Já:
- O povo está nas ruas. Nós o botamos lá. Quem é que vai tirá-lo de lá?
Desta vez, porém, o povo foi por conta própria. E caberá a ele, somente a ele, decidir a hora de sair.
Ou de tirar.
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