Fernando Taquari – Valor Econômico
SÃO PAULO - Terceira colocada na disputa pela Presidência da República na eleição de 2014, a ex-senadora Marina Silva (PSB) previu um cenário de instabilidade para o país ao afirmar nesta quinta-feira que as medidas de ajuste fiscal adotadas pelo governo federal não serão suficientes para reverter o cenário de crise na economia no curto prazo.
Marina retomou as críticas feitas durante a campanha eleitoral ao enfatizar que o governo Dilma Rousseff (PT) errou ao insistir por muito tempo no consumo interno como solução para enfrentar a instabilidade dos mercados depois da crise financeira de 2008. Segundo ela, o país não fez o dever de casa e agora colhe indicadores negativos na economia.
“Esse caminho não tinha como se sustentar por muito tempo. E não revertendo no tempo certo, agora, não vamos ter nenhum tipo de panaceia que vá resolver a situação da noite para o dia. Infelizmente, quem estava levando a cabo e aprofundando a gravidade da crise no Brasil sabia, sem sombra de dúvidas, que isso aconteceria”, disse.
A ex-senadora afirmou ainda que os pedidos de impeachment da presidente Dilma são um reflexo da insatisfação da população com a falta de compromisso do governo petista. “A pessoa se elege com uma promessa e em seguida muda da água para o vinho. Não se pode ganhar uma eleição num país como o nosso sem um programa de governo”, declarou.
“Temos inflação alta, temos juros altos, desemprego que pode chegar a 10% e um país que pode continuar com retração econômica em 2016. Foi uma situação levada ao extremo para se ganhar a eleição, prejudicando os rumos de uma nação”, acrescentou. Marina também comentou a crise política no país e defendeu as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público no âmbito da Operação Lava-Jato, que investiga a formação de cartel e o pagamento de propina a autoridades em contratos da Petrobras.
“Vivemos momentos difíceis. É preciso dar todo apoio às investigações”, declarou. A ex-senadora, que está à frente do projeto de criar o partido Rede Sustentabilidade, disse também que o governo federal deveria investir em alianças programáticas para garantir a governabilidade e não ficar refém de uma base aliada composta apenas na “distribuição de pedaços do Estado”. “Esse é o resultado desse presidencialismo que era de coalizão e agora virou presidencialismo de confusão”.
A ex-senadora participou na noite desta quarta-feira, na capital paulista, de um evento sobre democracia e internet. Durante sua apresentação, disse que, apesar dos erros do governo Dilma, não se pode culpar a presidente por todas as mazelas da corrupção no país. “Está todo mundo feliz no Brasil em dizer que a Dilma é a culpada pela corrupção. Não é sustentável acharmos que a corrupção é um problema de uma pessoa, de um grupo ou partido”, afirmou Marina, ressaltando que o Brasil só avançará no combate à corrupção quando isso for reconhecido como um problema de toda a sociedade.
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