Fábio Monteiro – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA -O diretor de Política Econômica do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, disse nesta sexta-feira (24) que acontecimentos recentes geraram novos riscos para a inflação em 2016.
"O progresso até agora na luta contra a inflação precisa ser equilibrado contra os riscos mais recentes que ameaçam o nosso objetivo central", afirmou o diretor. O principal objetivo do BC hoje é trazer a inflação para 4,5% em dezembro de 2016.
Awazu, que não especificou quais são os riscos recentes, disse que o trabalho de política monetária atual visa evitar que o impacto de curto prazo da inflação em 2015 contamine os indicadores tanto para 2016 quanto para os anos posteriores.
Mantendo a linha de discursos anteriores do BC, o diretor afirmou ainda que é importante ter cautela na atual conjuntura e que é primordial continuar vigilante.
A declaração, dada em evento com economistas no Rio de Janeiro, foi recebida pelo mercado como uma indicação de que a autoridade monetária vai manter o aperto monetário e realizar um novo aumento de 0,50 ponto percentual da taxa Selic na reunião de quarta-feira (29).
A taxa básica está hoje em 13,75% ao ano.
"O espaço do BC para reduzir a intensidade do ciclo e aumentar 0,25 ponto percentual diminuiu", disse Flavio Serrano, economista sênior do Besi Brasil. Para ele, a inflação em alta e a queda na atividade tornam a decisão do BC mais complicada.
Ele lembrou ainda que a mudança na meta de superavit primário para 2015 e para os anos seguintes, anunciada nesta semana pelo governo, gera mais dificuldades para o controle de expectativas da inflação.
Para Leandro Padulla, da MCM Consultores, a proximidade entre a fala e a reunião do Copom revela que o BC considera um novo cenário. O economista acredita que um dos principais motivos para o discurso duro de Awazu tenha sido a disparada do câmbio, que tem apresentado forte subida desde o anúncio do governo de redução da meta de superavit.
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