Andréia Sadi – Folha de S. Paulo
• Presidente foi alvo de panelaços no último discurso em cadeia nacional, no Dia da Mulher
• Em discurso no ABC, Lula disse estar cansado de "mentiras e safadezas" e de agressões à petista
BRASÍLIA - Meses após ser alvo de um panelaço durante pronunciamento na TV no Dia da Mulher, Dilma Rousseff decidiu gravar para o programa do PT que será exibido em rede nacional no próximo dia 6.
A filmagem está marcada para este sábado (25), em Brasília, sob a coordenação do marqueteiro do PT, João Santana. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do PT, Rui Falcão, já gravaram participação na última segunda-feira (20).
O mote do programa será a defesa do PT e do governo. A ideia é argumentar que a situação está ruim, mas ainda é melhor que antes dos 13 anos de administrações petistas no governo federal.
O ator José de Abreu, militante ativo nas redes sociais em defesa dos petistas, apresentará o programa.
Esta será a primeira vez no ano que Dilma aparecerá no programa do PT. Assessores palacianos afirmam que a presidente busca sair do isolamento político. A gravação é também um aceno à base petista e faz parte da operação de se reaproximar da legenda em meio à crise política.
Desde a reação à sua fala no dia 8 de março, Dilma vinha evitando aparições na TV. A presidente foi alvo de manifestações em 12 capitais enquanto discursava, o que assustou o Planalto e deu combustível para as manifestações de rua de abril.
Após o panelaço, Dilma se blindou: cancelou o pronunciamento no 1º de maio, em uma decisão inédita desde o seu primeiro mandato. Dias depois, a presidente também não apareceu no programa do PT do primeiro semestre. Mesmo sem a aparição de Dilma, o programa do partido foi alvo de panelaço em pelo menos dez Estados e no Distrito Federal.
Dilma amarga baixos índices de aprovação –chegou ao final do primeiro semestre avaliada como ruim ou péssima por 65% do eleitorado.
Governadores
Com o agravamento da crise, a presidente vem tentando fazer acenos à oposição para tentar barrar um eventual processo de impeachment contra ela.
Ela também decidiu irá convidar governadores para participar de uma reunião que está sendo articulada para a próxima quinta-feira (30), em Brasília, para selar uma espécie de "pacto de governabilidade" no país.
A presidente quer que eles atuem em suas bancadas no Congresso para impedir que projetos que custem caro aos cofres públicos sejam aprovados no Legislativo, em tempos de ajuste fiscal.
Na noite desta sexta-feira(24), na posse da nova direção do Sindicato dos Bancários do ABC, Lula comparou as críticas ao PT com a perseguição sofrida pelos judeus durante o Holocausto.
"Tenho a impressão de que muitas vezes a gente vê na televisão e parece os nazistas criminalizando o povo judeu. Parece os romanos criminalizando os cristãos, parece os fascistas criminalizando o povo italiano, parece tantas outras perseguições."
O ex-presidente afirmou ainda estar "cansado de mentiras e de safadezas", e de "agressões à primeira mulher que governa este país".
Lula admitiu que problemas como a inflação e o desemprego entraram na casa do brasileiro, mas ressaltou que resolver essa questão é prioridade da presidente.
"Se o Brasil está hoje numa situação complicada–e nós sabemos que está e que a preocupação chegou dentro da casa –, não é problema para a gente se alarmar. Temos pessoas lá em Brasília para cuidar deste pais", acrescentou.
Apesar da intenção de ter um diálogo com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, como revelou a Folha, Lula não poupou os tucanos. Sem citar FHC ou o partido, ele disse que pessoas que dizem que o Brasil vai quebrar "quebraram o país duas vezes".
Colaborou Bela Megale, de São Paulo
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