Cristiane Agostine – Valor Econômico
SANTO ANDRÉ (SP) - Ao discursar para uma plateia de sindicalistas do ABC paulista na noite desta sexta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que está “de saco cheio”, reclamou de “safadezas” e comparou as críticas ao governo federal e ao PT à perseguição de nazistas aos judeus.
Vestido de preto e com a voz rouca, o ex-presidente afirmou, logo no início de seu discurso, que está “cansado de mentiras e safadezas” e saiu em defesa de sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff, cujo governo é aprovado por apenas 7,7% da população, segundo pesquisa CNT/MDA divulgada nesta semana.
“Sinceramente ando de saco cheio, profundamente irritado”, disse Lula, ao participar da posse da diretoria do Sindicato dos Bancários do ABC, em Santo André.
O ex-presidente reclamou de agressões à presidente e da criminalização às esquerdas do país. “Tenho a impressão de que muitas vezes a gente vê na televisão e parece os nazistas criminalizando o povo judeu. Parece os romanos criminalizando os cristãos, parece os fascistas criminalizando o povo italiano, parece tantas outras perseguições”, afirmou a uma plateia com cerca de 200 pessoas.
Lula voltou a afirmar que a “elite perversa” não suporta as conquistas sociais e disse que isso explica o “ódio, as mentiras e as atitudes canalhas de alguns segmentos neste país”. “Eu nunca tinha visto na vida pessoas que se diziam democráticas, que não aceitaram até agora o resultado de uma eleição que elegeu uma mulher”, afirmou o ex-presidente.
Em um discurso de pouco mais de vinte minutos, Lula destacou a preocupação dos trabalhadores com o aumento do desemprego e o crescimento da inflação e tentou comparar a crise econômica aos problemas vividos pelo país no passado, quando a inflação era de 80% ao mês. “Não há um momento na história deste país que não tivemos uma crise”, disse. O petista afirmou ainda que quando assumiu o governo, em 2003, as taxas de desemprego e de inflação eram maiores do são atualmente no governo Dilma.
“A inflação está alta agora, assustando muita gente, mas está com perspectiva de cair, porque a Dilma tem obsessão de não permitir que a inflação ultrapasse o limite que já chegou, 9% ao ano, não 80% ao mês. Lembrando que quando eu peguei este país o desemprego estava a 12%, a inflação estava a 12,5% “,afirmou aos sindicalistas.
O ex-presidente disse ainda que não há “nenhuma razão para ter medo do futuro” e afirmou que o país é comandado por “mulher da maior dignidade”. “Não tem pessoa com caráter mais forte do que a Dilma. E ela está sendo vitima de uma conjuntura que está prejudicando chinês, americano, alemão”, afirmou.
Lula, no entanto, reconheceu que a situação econômica do país é grave. “Se o Brasil está hoje numa situação complicada — e nós sabemos que está e que a preocupação chegou dentro da casa —, não é problema para a gente se alarmar, é problema para ficarmos apreensivos. Sabemos que temos pessoa lá em Brasília que vai cuidar deste país”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário