(Nos vinte anos de sua morte)
Todos os verdes que há no verde
sabia (não mais os exerce):
tinha-os da luz de Pernambuco
que se traz dentro como um pulso,
e nos pernambucanos age
como se fosse seu sotaque.
Todos os verdes desse verde
estão vivos, maduram, crescem:
do caldo-de-cana que o tempo
vai azedando e escurecendo,
aos dessas praias do Recife
que mudam segundo o arrecife,
ao verde dos sapotizeiros
que por noturno dá morcegos.
Sabia o da cana quando nasce
que é um verde lavado, de alface,
e faz-se ácido, adolescente,
e envelhece amarelamente,
no amarelo que murcha em palha
e onde, ainda núbil, se amortalha:
com medo que a dispam, se enluta
(mas a foice logo a desnuda).
De tais várzeas horizontais
de estupradas, cada ano mais,
e onde o verde joga seu jogo
de ser amarelo, azul, roxo,
Pena sabia o verde base
que dava a luz à sua frase,
incapaz de não ter leveza,
de não fazer leve e acesa.
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