• Levy diz que Brasil não pode ser ‘ vítima de miopia’ na questão dos tributos
Martha Beck e Eliane Oliveira - O Globo
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy apelou aos brasileiros para que encarem novos aumentos de impostos como um investimento. Ao comentar a perda do grau de investimento pelo Brasil, ele ressaltou a importância do reequilíbrio das contas públicas, que virá de uma combinação de corte de gastos, melhoria da gestão e alta de tributos. De acordo com o ministro, a solidez fiscal evita turbulências eé a base do crescimento da economia. Ele também reafirmou sua permanência no cargo e disse que seu trabalho “ainda não terminou”.
— Se você pagar 0,5% a mais e o PIB ( Produto Interno Bruto, soma de bens e serviços produzidos no país) começar a crescer 0,5% mais rápido porque as pessoas não têm tanta insegurança, é investimento que vale a pena — disse o ministro, acrescentando:
— Nosso esforço adicional é para garantir que o Brasil seja um país seguro para investidores, trabalhadores e famílias. Uma condição fiscal sólida permite que o câmbio não tenha volatilidade excessiva e evita que a inflação se desgarre. A solidez fiscal é a base do crescimento.
O ministro disse que o Brasil não pode ser “vítima de uma miopia” na questão dos impostos e que o setor produtivo já sinalizou que entende esse tipo de medida como uma necessidade do país:
— Eu tenho ouvido de empresários que eles estão dispostos e que essa estratégia que estamos desenhando responde à necessidade do Brasil. (...) Você quer ir do ponto A para o ponto B. Você tem que mostrar como você vai chegar lá e esse como é uma combinação de cortes de gastos e, se precisar, pedir à sociedade, às empresas e às famílias que elas também façam um esforço adicional para ajudar o Brasil.
Embora não tenha apresentado nenhuma medida concreta, o ministro disse que o governo está empenhado em resolver o déficit de R$ 30,5 bilhões previsto na proposta orçamentária de 2016 — que foi a gota d ´ água para o rebaixamento do país — e em atingir a meta de superávit primário ( economia para o pagamento de juros da dívida pública) de 0,7% do PIB fixada para o ano que vem. No entanto, ressaltou, o Executivo não tem como fazer isso sozinho:
— O governo não chega sozinho no 0,7%. Ele só vai chegar lá se a sociedade entender a importância de a gente ter as contas fiscais em ordem. O nosso trabalho, com agência de rating ou sem agência de rating, é botar a casa em ordem para as pessoas poderem trabalhar, as empresas poderem contratar e as famílias poderem ter tranquilidade.
Perguntado se ainda ficará no cargo diante do rebaixamento, o ministro deixou claro que não é sua intenção deixar a pasta.
— Não acredito que meu trabalho de recuperação fiscal já esteja completo. Eu teria alívio, mas não é essa minha avaliação.
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