• Deputado Rubens Bueno (PR) quer que ex-presidente e seu filho expliquem as denúncias de que teria havido pagamento de R$ 36 milhões na Medida Provisória 471, de 2009
Daiene Cardoso - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), promete aumentar a pressão na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Casa para promover a oitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de seu filho Luis Cláudio Lula da Silva e o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho.
O deputado quer que eles expliquem as denúncias de que teria havido pagamento de R$ 36 milhões na Medida Provisória 471, de 2009, que resultou na prorrogação de 2011 a 2015 da política de descontos no IPI de carros produzidos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Bueno quer ouvir também lobistas e representantes das montadoras Caoa e Mitsubishi.
Nesta segunda a Polícia Federal, a Receita Federal e o Ministério Público Federal deram início à terceira fase da Operação Zelotes, que investiga um esquema de compra de medidas provisórias para favorecer montadoras de veículos. Os policiais cumpriram mandado de busca e apreensão no escritório de Luis Cláudio.
O pedido do PPS para ouvir o grupo foi apresentado no dia 1º de outubro e ainda espera votação. Bueno também enviou requerimento à Casa Civil da Presidência da República cobrando esclarecimentos sobre o caso. "É impressionante o número de pessoas ligadas ao ex-presidente Lula que são alvo de operações da Polícia Federal. Parece um saco de caranguejo. Puxa um e vem outro grudado. É o Lulinha (Fábio Luiz da Silva) e a nora na Lava Jato. É empresário e amigão José Carlos Bumlai envolvido em lobby e repasses de dinheiro para o PT e à família de Lula. Agora é o Luís Cláudio na compra de uma MP. O Congresso tem a missão de apurar isso e queremos ouvir os envolvidos nesse caso da compra de MP o mais rápido possível", disse Bueno por meio de nota.
Bumlai. A oposição também está de olho na convocação do pecuarista José Carlos Bumlai na Câmara. Na CPI dos Fundos de Pensão, o tucano Marcus Pestana (MG), sub-relator da comissão, apresentou requerimentos para convocação do amigo do ex-presidente Lula e do lobista Fernando Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano, um dos delatores da Operação Lava Jato. Já o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) pediu a convocação do empresário na CPI do BNDES.
Em entrevista ao Estadão, Bumlai disse que Baiano pediu a ele que levasse o empresário João Carlos Ferraz, no primeiro semestre de 2011, a uma audiência com Lula, de quem o pecuarista é amigo de longa data. Naquela ocasião, Ferraz era presidente da Sete Brasil, empresa que negociava contratos bilionários com a Petrobras para compra de navios-sonda. Ele negou ter utilizado o nome do ex-presidente durante as negociações.
Fernando Baiano revelou, em depoimento de delação premiada, que o ex-presidente Lula se reuniu "pelo menos duas vezes" com o pecuarista e com João Carlos Ferraz, para tratar de negócios intermediados por ele, em nome do grupo OSX. Os governistas avaliam que a entrevista de Bumlai desfez a argumentação de Baiano quando ele dispôs a fazer uma acareação com o delator. "Ele no mínimo deixou muita dúvida", avaliou o vice-presidente do PT e líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (CE).
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