sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Abaixo da média – Editorial / Folha de S. Paulo

Dados o colapso da economia neste ano e as projeções cada vez mais preocupantes para 2016, mostra-se irrelevante a rotineira revisão do PIB feita pelo IBGE.

Com as novas informações sobre 2012 e 2013, o crescimento anual médio no primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT) subiu de 2,1% para 2,2%. No agregado, a economia ficou 0,4 ponto percentual maior.

Como se vê, a inclusão de dados que não estavam disponíveis à época da divulgação original não fez muita diferença em relação ao passado –e certamente não fará nenhuma quanto ao futuro.

Em março, uma alteração mais ampla havia incorporado investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Na ocasião, a alta média do PIB de 2011 a 2014 passou de 1,7% para 2,1%.

Efetuadas as atualizações, o período Dilma pode parecer um pouco menos ruim, mas permanece essencialmente o mesmo. O desempenho de seu governo é o pior das últimas décadas, seja em termos absolutos, seja em termos relativos. Seu primeiro mandato, além disso, deixou o legado mais deplorável.

Tomem-se as gestões de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e de Lula (PT). De 1995 a 2002, com o tucano na Presidência, o Brasil cresceu em média 2,4% ao ano, em um período marcado não só por recorrentes crises internacionais mas também baixos preços de matérias-primas. A América Latina, para comparação, avançou 2,2%.

Lula, por sua vez, vivenciou ambiente internacional bem melhor. Houve maior dinamismo na América Latina, em decorrência da demanda chinesa por bens primários. A economia da região, assim como a do Brasil, expandiu-se em média 4,1% de 2003 a 2010.

Esse padrão mudou com Dilma Rousseff. De 2011 a 2014, o crescimento latino-americano desacelerou, mas ficou em 3% na média, taxa bem superior à do Brasil –que só se saiu melhor que países quase arruinados, como a Venezuela.

Quando se considera o segundo mandato da petista, a situação se torna dramática. Caso se confirmem as projeções de analistas compiladas pelo Banco Central, o PIB cairá 3,1% neste ano e 2% em 2016. O crescimento voltaria em 2017 e 2018, mas em ritmo insuficiente para produzir uma média acima de zero no quadriênio.

Não há novidade em dizer que foram muitos e grandes os erros dos últimos anos. O real custo da incompetência, contudo, aparece no longo prazo: uma década de estagnação e a desmobilização das forças sociais para o crescimento.

Que o desastre causado pela irresponsabilidade dilmista sirva de motivação para fortalecer as instituições e a gestão das contas públicas, pilares para um projeto de desenvolvimento que possa durar mais que um ciclo eleitoral.

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