• A população desocupada aumentou 67,5% (771 mil pessoas) ante outubro de 2014, a maior variação anual desde 2002
A maioria dos analistas econômicos estava certa quando previu para este fim de ano forte aceleração do desemprego.
Em setembro, era de 7,6%; em outubro foi para 7,9%. (Veja o gráfico.) A alta de 0,3 ponto porcentual pode parecer pequena para quem não tem familiaridade com essas estatísticas, mas é o contrário disso. No comunicado, o IBGE observa que a população desocupada aumentou 67,5% (771 mil pessoas) ante outubro de 2014, a maior variação anual desde 2002.
O desemprego aumenta não só quando as empresas e as famílias (no caso dos empregados domésticos) dispensam pessoal. Aumenta, também, quando mais gente, que antes preferia ficar em casa flanando ou em atividades não remuneradas, procura trabalho. É a faixa da População Economicamente Ativa (PEA).
Até o início do ano, havia queda nesse segmento porque os tempos eram outros, havia quem sustentasse a família toda e as bondades do governo (especialmente o Programa Bolsa Família) permitiam o luxo de não ter de trabalhar para fora. Depois de meses de alta, as estatísticas de outubro apontaram queda de 0,7% na PEA, em relação aos níveis de setembro. Ou seja, apesar da vida mais dura, ainda havia cerca de 170 mil pessoas aptas a trabalhar que preferiam não procurar emprego. Não fosse isso, a desocupação seria ainda maior.
O principal fator de desemprego em outubro foi a dispensa de pessoal pelas empresas (redução do nível de ocupação): de 1,0% (ou 230 mil pessoas) em relação a setembro; e 3,5% (825 mil pessoas) em relação a outubro de 2014.
A renda do trabalhador em outubro mostra queda de 0,6% em relação a setembro e de 7,0%, em relação a outubro de 2014. Esses números já estão descontados da inflação. É mais um indicador de que a população brasileira está ficando mais pobre. Isso significa que boa parte do ajuste da economia está sendo feita pelo desemprego.
Esse aumento da população desocupada acontece com duas agravantes. Está espalhado por toda a economia e não, como tantas vezes, concentrado em dois ou três setores, o que mostra que as distorções do sistema são abrangentes. A segunda agravante é a de que, em outubro, já deveria ter aumentado a oferta de emprego, especialmente de temporários, para dar conta da produção, logística e vendas por ocasião das festas de fim de ano. É um indício de que a falta de trabalho deve se aprofundar depois da virada do ano.
Outro indicador que reforça essa tendência é o comportamento da inflação. Saiu também ontem a evolução do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). É o mesmo levantamento de preços feito pelo IPCA, com a diferença de que abrange o período de 30 dias terminado no dia 15 de cada mês, e não no dia 30. No caso, terminou dia 15 de novembro.
Esse índice mostra que a inflação do período saltou de 0,66% em outubro para 0,85% em novembro. No período de 12 meses terminados em 15 de novembro, a inflação já é de dois dígitos. Foi para 10,28%, a maior desde novembro de 2003. (Veja, ainda, o Confira.) É a inflação ralando salário.
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