Por causa da crise nas finanças do Estado do Rio, as escolas da rede pública terão a escala de limpeza reduzida a partir da semana que vem. Em seis dias de dezembro, os alunos terão a refeição escolar substituída por lanche. Nos hospitais estaduais, pacientes já reclamam da falta de limpeza.
Corte afeta merenda e serviço de limpeza
• Escolas estaduais não terão faxina às terças e quintas. Cirurgias são suspensas em hospital
Waleska Borges, Darlan Azevedo Carina Bacelar - O Globo
Universidades, escolas e hospitais do estado já vêm sendo afetados pelos atrasos nos pagamentos a fornecedores e terceirizados. Nos colégios estaduais, a redução na escala de limpeza ameaça as condições de higiene de 850 mil alunos em 1.290 unidades. A secretaria de Educação informou que, a partir da semana que vem, o serviço não será prestado às terças e quintas.
Também devido à crise, durante seis dias do mês de dezembro será servida a chamada merenda fria (sucos, sanduíches, bolos, leite, iogurte, entre outros). A medida, conforme a secretaria, segue as instruções do Programa de Alimentação Escolar, que visa a suprir as necessidades nutricionais dos estudantes.
— Essa merenda fria não preenche a necessidade do aluno carente que, na maioria das vezes, faz a sua única alimentação na escola. Um aluno com fome terá dificuldade no aprendizado — lamenta Marta Moraes, coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe). — Temos escolas onde a merenda é feita por terceirizados e, se eles pararem, os alunos vão ficar sem merenda.
Calendário escolar mantido
Ainda de acordo com a secretaria, em dezembro, o serviço de portaria não será realizado nos dias 12 (sábado), 13 (domingo), 14 e 16 (conselhos de classe) e de 18 a 21. A retomada integral dos serviços ocorrerá em janeiro. A secretaria informou também que durante o ano de 2015, por conta do contingenciamento de recursos do governo, todos os contratos foram reduzidos, como o de automóveis e ar-condicionado. Já o calendário escolar não será abreviado e vai terminar em 21 de dezembro.
A área de saúde também sofre os impactos da crise. Segundo Clara Fonseca, diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência do Rio (Sindsprev/ RJ), além de o Hospital Universitário Pedro Ernesto — administrado pela Uerj — ter suspendido as internações não emergenciais, outras unidades de saúde tentam se adaptar aos cortes de gastos:
— As cirurgias ortopédicas de urgência no Hospital Getúlio Vargas estão suspensas desde terça-feira por falta de pagamento dos médicos. A situação também é crítica para os deficientes visuais que trabalham no Hospital Rocha Faria. Eles estão sem pagamento desde julho, e muitos estão sendo ajudados pelos colegas do hospital. Os funcionários da limpeza já ameaçam entrar em greve na segunda-feira.
Na Uerj, estudantes e funcionários precisam enfrentar grandes filas nos elevadores, já que alguns estão parados. Além disso, banheiros estão em estado precário por falta de limpeza, e bolsistas têm recebido o pagamento do auxílio com atraso. O que, para o estudante Luiz Felipe Paranhos, tem dificultado o planejamento das finanças:
— Pelo menos até junho, eu recebia, no máximo, até o décimo dia do mês, mas, desde então, começou a cair sempre depois do dia 21. Este mês a bolsa não chegou até agora.
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