• Pela primeira vez, autoridade presta esclarecimento ao ministro da Fazenda no mesmo dia em que o IPCA é divulgado
Victor Martins, Célia Froufe e Hugo Passarelli - O Estado de S. Paulo
O estouro do teto da meta de inflação em 2015 está relacionado com o reajuste dos preços administrados, como a energia elétrica, e a valorização do dólar em relação ao real. A justificativa está em carta aberta divulgada pelo Banco Central nesta sexta-feira, 8, ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. A meta de inflação é de 4,5%, com tolerância de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo. Pela primeira vez, a carta é divulgada no mesmo dia em que os números da inflação são conhecidos - o IPCA de 2015 ficou em 10,67%, bem acima do limite máximo estabelecido.
Na carta, o BC afirma que o movimento de realinhamento de preços foi “mais prolongado e mais intenso que o inicialmente previsto” e admite que a sua projeção e a do mercado no fim de 2014 para a inflação ficou distante do ocorrido.
O BC diz ainda que cabe à política monetária manter-se vigilante, "para conter eventuais efeitos adicionais resultantes dos dois importantes processos de ajustes de preços relativos (preços administrados e câmbio) que dominaram a economia em 2015". Ressalta, também, que tomará as medidas necessárias para fazer o IPCA ficar dentro do limite da meta de inflação em 2016 e convergir para 4,5% em 2017. O texto destaca que, desde o segundo trimestre de 2013, a taxa básica de juros da economia, a Selic, já subiu 7 pontos e está agora em 14,25% ao ano.
Por lei, toda vez que o IPCA rompe a banda de tolerância da meta de inflação, o presidente da autoridade monetária é obrigado a prestar explicações.
Fatores de peso. De acordo com o BC, os administrados responderam por 4,91 pontos porcentuais do IPCA e os preços livres, por 2,97 pontos. No documento, o BC ainda cita que o último semestre do ano também foi impactado por novos reajustes dos preços administrados.
Já o câmbio representou 1,57 pontos porcentuais da inflação do ano passado e, de acordo com o BC, aumentou seu peso na inflação significativamente no último trimestre de 2015, diante das incertezas com a economia.
A autoridade também pondera que a mudança da trajetória fiscal afetou as projeções para o IPCA. Segundo o BC, elas contribuíram “para a deterioração das avaliações sobre o ambiente macroeconômico no médio e no longo prazo e da confiança dos agentes econômicos”. A instituição pondera que as expectativas, no final de 2014, apontavam para um cenário positivo, com queda nas expectativas para a inflação suavizada doze meses a frente. Esse movimento durou até o fim de agosto, “coincidindo com eventos negativos, do ponto de vista das expectativas de inflação, relacionados à definição da política fiscal”.
O documento diz ainda que a piora das expectativas a partir da segunda metade do ano passado é consistente com o segundo movimento de desvalorização cambial observado em agosto e setembro, seguido de outro episódio de volatilidade ao final do ano.
Em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, Tombini afirmou que a instituição tem “a taxa básica de juros” (a Selic) e que este é o instrumento que utilizará para conduzir a inflação à meta de 4,5% ao ano.
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