Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo
Assessores com acesso direto à presidente Dilma Rousseff asseguram que as citações ao ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, não abalaram sua credibilidade no governo. A própria presidente, que está no Rio Grande do Sul com a família por causa do nascimento do segundo neto, não teria se abalado com o noticiário envolvendo Wagner, conforme auxiliares. A avaliação é de que é normal que governadores procurem "quem for preciso" para garantir o pagamento e a continuidade de obras. "Não vejo irregularidade", disse um interlocutor de Dilma. "Isso não significa que houve obtenção de qualquer tipo de vantagem pessoal."
Em mensagens obtidas pela Operação Lava Jato com a apreensão do celular do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, Wagner fala sobre a liberação de recursos do governo federal. Os diálogos, segundo as investigações, também indicam que o atual ministro intermediou negociações para o financiamento de campanhas eleitorais em Salvador, em 2012, no período em que estava à frente do governo da Bahia (2007-2014). O diálogo foi considerado "grave" por investigadores.
Mas nem a presidente nem assessores palacianos mostraram preocupação com as suspeitas e insistiram com a tese de que há um vazamento intencional e seletivo.
O Planalto também procura transmitir serenidade em relação ao presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine, suspeito de envolvimento em esquema ilícito de compra de debêntures (títulos da dívida) da OAS quando comandava o Banco do Brasil. No governo a avaliação é de que não há indícios de que Bendine tenha cometido qualquer irregularidade. Assessores palacianos lembraram que o presidente do BB não toma decisões monocráticas e que elas passam colegiado; além disso, dizem, a emissão das debêntures não ocorreu.
O governo classifica o atual momento como de "troca de tiros" e dá como exemplo as informações do ministro Edinho Silva, da Comunicação Social, em busca de recursos para campanha. "Ora, ele era tesoureiro de campanha. Onde ele iria buscar recursos se não com empresários?", questionou um interlocutor de Dilma.
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