“Entre os que aderiram ao marxismo foram muitos os que o adotaram por razões parciais e limitadas: práticas, políticas, econômicas, etc. Compreendiam mal, com frequência, o fato de que a universalidade do método dialético - sua racionalidade – não suporta nenhuma restrição.
Esse método dialético, ademais, não é um fenômeno intelectual, um fato cultural entre outros, que viria ajuntar-se aos existentes e complicar um pouco mais uma cultura já bastante complicada. Esse método vem ordenar, desobstruir e organizar a consciência do mundo e do homem.
Não é um método cujo domínio de aplicação se restrinja à ação política, ou à ciência econômico-social.
O método dialético aplica-se à vida e à arte: tanto à vida individual e cotidiana quanto à mais refinada estética. Sem perder de vista o solido fundamento do ser humano na natureza e na prática (na vida econômica e social), ou, mais exatamente, porque não perde jamais de vista esse fundamento, o método dialético introduz ordem e clareza nos domínios mais afastados da prática imediata e da ação. Assim, e somente assim, pode torna-se a “nova consciência do mundo” e a “consciência do homem novo”, ligando a lucidez do indivíduo e a universalidade racional.”
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Henri Lefebvre, Lógica formal e Lógica dialética, p. 44. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1975.
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