- Folha de S. Paulo
Feijão com arroz e um bifinho de crédito estatal, talvez um torresmo. Parece que é isso que será a política econômica de 2016, na melhor da hipóteses. Pelo menos é a impressão que fica da primeira semana de 2016 dos novos economistas de Dilma Rousseff. Caso a presidente não caia, ela promete ainda oferecer um churrasco na Previdência, um projeto para fixar uma idade mínima para a aposentadoria.
Na política, logo de cara há uma nova rodada de dinamitação do governo, visível no que está sendo feito com o ministro Jaques Wagner (Casa Civil), o que vai piorar muito até o fim do recesso, até o Carnaval, a julgar pelo que dizem envolvidos nesses vazamentos e investigações. Não vai sobrar apenas para Wagner.
Note-se que o governo não é muito mais que Dilma, Wagner e Nelson Barbosa, ministro da Fazenda. O restante do ministério ou cuida de interesses setoriais do mundo privado, ou já está avariado, ou é uma chusma de inúteis, para dizer o mínimo. Após a fritura de Wagner, virá ainda o tumulto da Quaresma do impeachment.
A metade final do ano será ocupada por Olimpíada e eleição municipal. Ou seja, o ano terá uns três meses. Talvez seja tempo até demais, dado o vazio de ideias.
Na economia, o feijão com arroz com bifinho magro de frango é muito pouco para lidar com um PIB que deve ser 2% menor em 2016, pelo menos. Caso a produção, o PIB, fique no mesmo tamanho que tinha no trimestre final de 2015, caso fique estagnada, esta será a recessão de 2016: uns 2%. Uma economia assim menor tende a empregar menos.
Em suma, pode ser que o PIB volte a crescer no trimestre final do ano, mas a sensação térmica nas ruas será bem pior. De qualquer modo, as perspectivas de retomada de crescimento serão medíocres, pois a peste da dívida pública crescente estará carcomendo ainda o país. De resto, quase tudo mais na administração estará parado, pois não há governo faz anos.
Até que aqui, o que os economistas de Dilma Rousseff insinuam pelos jornais e nas internas é que não querem fazer marola. Querem dar um pouco mais de crédito estatal para a construção civil e colocar para andar alguma concessão de infraestrutura. O possível para atenuar a recessão.
No mais, vão cortar gasto na boca do caixa e tentar aumentar imposto, CPMF ou o que estiver à mão, a fim de atenuar o rombo fiscal.
Ou seja, a perspectiva neutra por enquanto é de sarneyzação, de economia em deterioração contínua, mas não explosiva, de governo desmoralizado e sem iniciativa, de ruína da elite política, de impasse até a eleição seguinte.
A presidente agora falar em arrumar um pouco da Previdência, fixando uma idade mínima de aposentadoria. Não deve mexer no assunto antes de resolvido o impeachment.
Afora o sururu político que o plano vai causar da esquerda à direita, aposentadorias precoces são apenas um dos problemas previdenciários. A fim de haver algum resultado imediato e amplo, seria necessário fazer um pacote de reformas. Além de a presidente ter escassa compreensão dos problemas fiscais, ter um plano assim dependeria de haver um programa de governo, um governo com bastante gente capaz e apoio político.
Não há.
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