• Ala anti-Dilma do PMDB terá dificuldades em eleição de fevereiro
Júnia Gama - O Globo
A ala peemedebista que faz oposição ao governo Dilma Rousseff pode sofrer uma derrota na volta do recesso do Legislativo, em fevereiro, quando será escolhido o novo líder do partido na Câmara. Depois de uma operação que tirou o cargo de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) durante uma semana, levando Leonardo Quintão (PMDB-MG) à liderança do partido — com as bênçãos do vice-presidente Michel Temer e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) —, os dissidentes no PMDB enfrentam dificuldades para encontrar um nome de consenso para o posto.
O Palácio do Planalto, por considerar o posto estratégico no enfrentamento do impeachment e de outras batalhas no Congresso este ano, trabalha nos bastidores para manter Picciani, um aliado que defende uma posição clara contra o afastamento da presidente. A avaliação no governo é que, com o esfriamento do apelo pelo afastamento da presidente Dilma e sem um candidato forte para antagonizar com Picciani, sua recondução ao cargo se torne cada vez mais provável.
Há também uma análise no núcleo palaciano de que Michel Temer não deverá entrar de cabeça para eleger um antigovernista para a liderança, já que ele próprio está em busca de votos para se reeleger à presidência nacional do PMDB e um embate com o diretório do Rio de Janeiro poderia dificultar a empreitada.
Já o grupo dissidente, embalado por Eduardo Cunha, quer emplacar um nome de Minas Gerais que não esteja comprometido com o governo e possibilite um número maior de votos pró-impeachment no PMDB. A expectativa na semana passada era que os dissidentes conseguissem fechar um consenso na bancada mineira, o que acabou não ocorrendo. O deputado Newton Cardoso Junior (PMDB-MG) tem trabalhado para viabilizar seu nome na liderança e se reuniu nos últimos dias com Cunha e com Temer. Mas Newton tem tido dificuldades na bancada mineira para obter apoio, já que a ala ligada a Leonardo Quintão ainda quer para levá-lo ao posto.
Novas reuniões estão marcadas para esta semana. Deputados de outros estados passaram a ser cogitados para a disputa, mas o grupo anti-Dilma já admite, reservadamente, que ficou enfraquecida a possibilidade de derrotar Picciani. Com isso, tentarão inviabilizar a recondução do líder alegando que isto só poderá ocorrer se ele obtiver dois terços dos votos. Esse discurso já foi citado por Eduardo Cunha ao GLOBO e vem sendo repetido pelos dissidentes.
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