domingo, 10 de janeiro de 2016

Temer pede a deputados que baixem as armas


  • Vice inicia reaproximação com o líder Picciani, que Cunha tentou derrubar

- O Globo

Ciente da insatisfação dos caciques do Senado, o vice-presidente Michel Temer voltou a dedicar sua atenção para onde sempre teve seu lastro político: a Câmara. Na última semana, Temer pediu a deputados que baixem as armas em relação à disputa pela liderança e “deixem a poeira baixar para enxergar o horizonte”. O vice também telefonou para os principais caciques do partido — inclusive os do Senado — pedindo que tentem um acordo até a convenção de março.

O vice-presidente iniciou, inclusive, uma reaproximação com o líder do PMDB na Casa, Leonardo Picciani (RJ), que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, tentou derrubar. Mas alguns peemedebistas duvidam que o pai de Leonardo, Jorge Picciani, que controla o PMDB do Rio, “perdoaria” a manobra contra seu filho, que chegou a ser destituído da liderança e depois a reassumiu.

Aliados de Temer alardeiam, no entanto, que ele tem o apoio do prefeito do Rio, Eduardo Paes, do governador Luiz Fernando Pezão e do ex-governador Sérgio Cabral.

— O general do Michel é o Eduardo Cunha, que ainda tem o controle de parte da bancada — diz um peemedebista.

Perda de diretórios
Esta semana, Temer se encontrou até com o ministro Jaques Wagner, da Casa Civil, no que foi visto como uma tentativa do governo de superar o malestar do fim do ano.

— Ele quer fazer as pazes com todo mundo — disse um interlocutor de Dilma.

Senadores, no entanto, dizem que Michel está muito fragilizado com a perda de apoio de diretórios importantes, como os de Rio, Paraná, Ceará, Amazonas, Maranhão, Alagoas, Pará, Paraíba, Tocantins, Roraima, Rondônia, Sergipe e Pernambuco. Para completar, Santa Catarina e Minas Gerais estariam divididos. Os peemedebistas do Senado dizem que Padilha e o ex-ministro Moreira Franco, outro braço-direito de Temer, não têm votos e nem a simpatia do partido. Mas aliados do vice minimizam:

— Daqui até março duas palavras vão ditar o quadro: LavaJato. Não estou falando de ninguém que está sendo investigado ou que será candidato. Em tempo de Lava-Jato, é tempo de mergulhar e todo mundo só vai falar de unidade. Então isso aí vai ser levado em banho-maria. Antes de março ainda tem janeiro e fevereiro. Tem que conversar, conversar e, na hora de assinar o contrato, vai depender da Lava-jato, que vai influenciar o ambiente político dentro e fora do PMDB — disse o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).

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