• Patrimônio é de mais de R$ 27 milhões, segundo as declarações de bens do patriarca, Jorge Picciani, e dos filhos Leonardo e Rafael
Antonio Pita - O Estado de S. Paulo
RIO - De uma fazenda de leite e café no município fluminense de Rio das Flores, na década de 1980, o braço político da família Picciani ergueu um patrimônio de mais de R$ 27 milhões, segundo as declarações de bens do patriarca, Jorge Picciani, e dos filhos Leonardo e Rafael, prestadas à Justiça Eleitoral em 2014. A evolução se deu a partir de 1998, com investimentos em melhoria genética de gado nobre, e a partir de 2011, com a aquisição de participação na mineradora Tamoio, fornecedora de brita para importantes obras da Olimpíada no Rio.
A família tem fazendas no Rio, Minas e Mato Grosso, reunidas na empresa Agrobilara, referência no melhoramento genético das raças nelore e gir leiteiro. As ações do conglomerado representam a principal valorização do patrimônio – de 2006 a 2014, cresceram quase seis vezes, saindo de R$ 6,5 milhões para mais de R$ 24 milhões. Também são sócios da empresa o filho Felipe, que administra os negócios da família, e Márcia, ex-mulher de Picciani, mãe de Leonardo, Felipe e Rafael. Os R$ 27 milhões não incluem bens de Márcia e Felipe.
Bens. Em 2010, o ex-governador Anthony Garotinho (PR), ex-aliado e hoje adversário do clã, questionou o patrimônio da família, pelo fato de as declarações de bens de Leonardo e Rafael informarem o mesmo número de cotas da Abilara (2.020 para cada um), com valores diferentes. As cotas de Rafael valiam R$ 1,7 milhão. As de Leonardo, R$ 712 mil. À Procuradoria Regional Eleitoral, a família informou que Rafael já era sócio da Agrobilara desde 2004, enquanto Leonardo era sócio com o pai de outra empresa, Agrovás, que se incorporou à Agrobilara em 2008. Segundo a família, houve redistribuição de cotas para que todos os sócios tivessem a mesma quantidade, mas com valores patrimoniais diferentes.
Em 2004, a Agrovás, fazenda em São Félix do Araguaia (MT), foi incluída na lista de propriedades com trabalhadores em condições análogas à escravidão, feita pelo Ministério Público do Trabalho. A fiscalização identificou 55 funcionários sem carteira assinada, sendo 14 sem qualquer documentação – entre eles, um adolescente sem acesso a escola.
A família fez um acordo judicial que envolveu o pagamento de R$ 250 mil para financiar iniciativas do Ministério Público do Trabalho voltadas à erradicação do trabalho degradante. Segundo Jorge Picciani, os trabalhadores tinham sido contratados por um empreiteiro para construir 20 casas para funcionários da fazenda. “Nosso erro foi não ter exigido do empreiteiro que todos tivessem carteira de trabalho e que fosse cumprida a legislação trabalhista.”
Derrotado na eleição de 2010 para o Senado, o patriarca assumiu a presidência do PMDB-RJ em 2011 e voltou as atenções para os negócios da família. A Agrobilara adquiriu 35,5% das ações da empresa Tamoio Mineração, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio. A empresa fornece brita para as obras do Parque Olímpico e da via expressa BRT Transolímpica, também na zona oeste, executadas por empresas privadas contratadas pela prefeitura. Picciani nega que a proximidade com o prefeito e companheiro de partido Eduardo Paes tenha influenciado na escolha da Tamoio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário