Daniela Lima – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - A forte chuva que desaguou sobre o Rio no sábado fez o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), despertar no domingo (13) desconfiado da adesão que os protestos contra Dilma Rousseff teriam na capital fluminense.
Desafeto declarado da presidente, o peemedebista decidiu sair para fazer uma caminhada em seu condomínio.
"Vi uma bandeira numa janela. Depois outra. Aí veio a senhora levando o cachorro para passear cheia de verde e amarelo nas costas. Não tinha mais dúvida que ia ser grande. Conheço rua, sinto o cheiro", relatou a um aliado. Cunha voltou para casa e esperou a repercussão dos atos.
A quase 500 quilômetros de distância, outro adversário de Dilma também se espantava com o volume de gente nas ruas. Em Belo Horizonte, dentro do carro em direção à praça da Liberdade, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), comentou: "Que loucura isso. Olha a quantidade de gente".
Aécio fez uma rápida passagem pelo ato em Minas e voou para São Paulo. De dentro da sede do governo paulista, acompanhado pelo governador tucano Geraldo Alckmin e outros políticos, recebeu relatos de manifestações nas mais diversas capitais do país. Alckmin titubeou, mas decidiu ir com a comitiva da oposição até a avenida Paulista, palco do maior ato anti-Dilma no país.
No local, encontraram o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN). Ele havia telefonado para o irmão, que mora no Rio. "Como é que foi aí?", perguntou. "Grandioso", ouviu. Confiante, foi almoçar com os colegas de partido antes de seguir para a Paulista. "Levei entre 40 e 50 minutos para atravessar a avenida de uma calçada a outra. Era gente que não acabava mais", relatou.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ficou em casa, no seu Estado, e viu a maior manifestação da história do Brasil pela TV. "Ele ficou surpreso", contou um aliado.
A mesma sensação foi experimentada pelo vice-presidente Michel Temer, principal beneficiário de uma queda de Dilma. Amigos telefonaram com votos de que tivesse sabedoria para enfrentar o que viria pela frente.
Quem conversou com o vice sustenta que em nenhum momento ele esboçou "vibração", "mas pareceu muito impressionado". "Acho que só domingo ele percebeu que realmente pode acontecer [o impeachment]", resumiu um amigo.
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