- O Globo
Cláudio Couto - Cientista Político da FGV- SP
“Por sua magnitude, os protestos provocam um enfraquecimento ainda maior do governo e fortalecem o impeachment no Congresso. O porém é que o Eduardo Cunha, que vai conduzir esse processo, carece de legitimidade. Esse é o grande trunfo do governo: Cunha virou um anti-símbolo do combate à corrupção. Se pedem a saída da presidente Dilma por eventuais malfeitos, por que deixar o presidente da Câmara, que também é investigado, conduzilo? O fato de lideranças do PSDB terem sido vaiados sinaliza que as manifestações, por mais que sejam contra o governo, não alcançam apenas aqueles que são puramente anti- petistas. Os participantes mostram- se contrários à classe política em geral”.
Paulo Baía - Cientista Político da UFRJ
“As manifestações de ontem pressionam o Congresso Nacional, e sobretudo o Senado, para a solução do impeachment. E pressionam o governo para que procure romper o isolamento e estabelecer algum tipo de contato com as demandas da sociedade. E as manifestações de ontem pedem uma resposta muito rápida. A população se manifestou pela negação do governo e a favor da Lava- Jato, que é o que está dando respostas mais imediatas. Tivemos a maior manifestação política da História do país, buscando um fio de esperança. Daí apontar o juiz Sérgio Moro como sinalização dessa esperança. Há também uma contundente crítica ao sistema político e aos representantes políticos.”
José Álvaro Moisés - Cientista Político da USP
“O recado das ruas para o governo foi muito claro: querem fora Dilma, PT e o ex-presidente Lula, além de apoio a Sérgio Moro e contra a corrupção sistêmica. Para o Congresso, foi para que dê seguimento ao exame do processo de impeachment. A manifestação com esse volume e a convenção do PMDB, que decidiu progressivamente descer do governo, criam uma nova conjuntura política. Há um erro de avaliação do governo ao dizer que o protesto foi por causa da situação econômica. Aliás, nós não temos mais governo. A presidente cede a pressões, fica trocando ministros. A hostilidade ocorreu de forma localizada contra políticos de oposição porque eles têm um desempenho aquém do desejado”.
Carlos Pereira - Cientista Político da FGV/ EBAPE
“O impacto das manifestações é gigantesco. É devastador. Diante dos novos eventos, a partir da prisão do marqueteiro João Santana, do acordo de delação do senador Delcídio Amaral e das manifestações, os custos do dissenso diminuíram diante da preferência acachapante da maioria da população a favor do impeachment. Então, os parlamentares da base do governo, agora, têm que pensar muito para votarem com o governo. Os custos de quebrar essa preferência majoritária serão muito altos. Com um escândalo de corrupção bilionário, toda a classe política sofre. Mas o foco fundamental dos protestos é o governo. É o ex-presidente Lula e a defesa do impeachment. E o apoio inconteste ao judiciário.”
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