• Partido que ocupar espaços da centro- direita à centro- esquerda, esvaziando o PSDB e o PT
- O Globo
O PMDB só não tem candidato ainda, mas seus dirigentes dizem que pretendem disputar com um nome próprio as eleições presidenciais de 2018. O vice- presidente Michel Temer quer ser esse candidato. Mas depende do impeachment da presidente Dilma e de estar disposto a enfrentar o veto do PSDB. O fato é que se Temer assumir o comando do país, seu partido estará com a faca e o queijo nas mãos.
Os tucanos querem que Temer se limite a ser um presidente tampão. Eles deixam isso claro quando pretendem negar a Temer o direito de participar da campanha nas eleições municipais desse ano e de articular as regionais de 2018. Atuação que seria relevante para um partido que tem o maior número de prefeitos e vereadores. O PSDB acordou e quer também tocar o projeto que acaba com a reeleição. Não querem correr o risco diante de uma boa gestão do peemedebista.
Independente disso, o PMDB está construindo um discurso destinado a esvaziar eleitoralmente o PSDB e a esquerda. A legenda parece que pretende ocupar espaços, da centro-direita à centro-esquerda, na tentativa de deixá- los sem discurso.
1. Diante da guerra patrocinada pelo PSDB e pelo PT, Temer tem se apresentado como aquele capaz de construir a união nacional e o diálogo. Sua intenção é criar um ambiente de otimismo. Seu discurso parece aquela melodia: 500 milhões em ação / pra frente Brasil / salve a união / de repente é aquela corrente pra frente.
O objetivo é enfrentar a crise e convocar todas as forças políticas a dar sua contribuição. Qual partido e quais de seus quadros poderiam se recusar a integrar um governo de reconstrução nacional. Foi esse o contexto que levou o ex- presidente Fernando Henrique ao Ministério da Fazenda no governo Itamar Franco. FH não era economista, montou um time e fez o Plano Real.
2. Coordenado pelo presidente do Instituto Ulysses Guimarães, Moreira Franco, o programa “Uma Ponte para o Futuro” defende a redução de gastos públicos, estabelece limites de endividamento e sustenta a necessidade de um ajuste fiscal. Ele enumera a necessidade da desvinculação orçamentária da Saúde e da Educação; e de uma reforma da Previdência. No cargo, Temer poderá tomar todas essas iniciativas. Mas, para que essa estratégia dê certo, o governo Temer vai depender do apoio que terá no Congresso. Esses temas são impopulares. Mas se der certo, qual será o discurso do PSDB em 2018?
3. O PMDB está anunciando que lançará um programa social. As propostas não são conhecidas ainda, mas, em 2002, apresentou um conjunto de medidas no documento “Tirando o Atraso, Combater a Desigualdade Já”, também coordenado por Moreira Franco. Nele, o Bolsa Família era chamado de Seguro Social Universal; e o Farmácia Popular era a Cesta Básica de Remédios. O objetivo de todas elas era o combate à pobreza.
A sigla propunha a adoção do sistema de cotas e de um sistema de bolsas de estudos semelhantes aos dos governos petistas. Defendia acabar com privilégios dos funcionários públicos na aposentadoria e que os planos de saúde ressarcissem o Estado quando seus clientes fossem atendidos pelo SUS.
Na nova proposta, o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida e o Farmácia Popular devem ser mantidos. Mas a novidade deve vir de um conjunto de ideias para combater a desigualdade de oportunidades. O centro desse programa social seria a Educação. A universalização do Pro-Uni e o pagamento de mensalidade nas universidades federais são exemplos do que pode vir a ser assumido pelo PMDB.
Mas para implementá-los será necessário enfrentar corporações profissionais e de estudantes e de suas entidades de representação. Esses resistências são localizadas e não têm apoio social. O fato é que se o PMDB construir uma plataforma social, porque alguém votaria na esquerda em 2018?
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