Após adesão do PSD ao impeachment de Dilma, oposição já fala em vitória
Isabel Fleck, Débora Álvares, Ranier Bragon, Rubens Valente, Gustavo Uribe e Valdo Cruz - Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Um dia depois de a maior parte do PP anunciar adesão ao impeachment, o PSD do ministro Gilberto Kassab (Cidades) também definiu nesta quarta-feira (13), por maioria, orientar no domingo (17) o voto favorável à abertura de processo contra a presidente Dilma Rousseff.
Em reunião na Câmara que contou com a presença de Kassab em seu início, de 28 a 30 dos 38 deputados que devem votar se manifestaram contra a permanência da petista, segundo relatos.
A decisão do PSD fez a oposição já contabilizar 349 votos a favor do impeachment, mas o Palácio do Planalto, mesmo sabendo que o clima piorou e corre sério risco de derrota, ainda acreditava chegar a 180 votos a favor, acima dos 172 necessários para escapar do impeachment.
No final da noite desta quarta, a presidente Dilma convocou uma reunião no Palácio da Alvorada para tentar uma última estratégia para salvar o seu mandato.
Entre interlocutores do ex-presidente Lula, o clima era de desolação e apreensão diante da avaliação de que a debandada de aliados começou muito cedo.
Na reunião do PSD, de acordo com deputados, Kassab mais ouviu do que falou e afirmou que respeitaria a decisão da maioria da bancada. Depois, ele se encontrou com Dilma e falou sobre a decisão do partido. Kassab deve permanecer no cargo até segunda-feira (18).
"A decisão é mudar o encaminhamento de voto liberado para o apoio ao relatório pela admissibilidade [do impeachment]. A bancada, porém, respeitará absolutamente o voto de cada parlamentar que pense diferente", disse o deputado Rogério Rosso (DF), líder da sigla.
Vitória improvável
Com isso, integrantes do Palácio do Planalto já veem como improvável uma vitória no domingo, mas mantêm a tentativa de investir nas conversas deputado a deputado como última tentativa de salvação.
Para ser aprovado, o relatório favorável à abertura de processo de impeachment precisa ter pelo menos 342 dos 513 votos.
A oposição afirma já ter 349 votos para a destituição de Dilma, sete a mais do que o mínimo necessário.
No PR (Partido da República), dono da quinta maior bancada na Câmara, há uma disputa de números que expõe o racha na legenda.
Enquanto o bloco de parlamentares favoráveis ao impeachment afirma ter pelo menos 28 votos, contra 12 pró-governo, o comando partidário arrisca um placar mais favorável ao Palácio do Planalto, com 19 votos pró-impedimento, 18 em apoio a Dilma e 3 indecisos.
Oficialmente, o PR diz que apoia o governo, mas não fechou questão em relação ao voto do domingo. O PTB decidiu por 15 votos a 4 orientar o voto favorável ao impeachment no domingo.
Já o líder da bancada do PDT, deputado Weverton Rocha (PDT-MA), anunciou que fechou questão e orienta o voto contra o impedimento.
Planalto
Com o revés no PP e no PSD, integrantes do governo dizem que, se houver uma vitória no domingo, ela será apertada e dificultará a retomada da governabilidade na nova fase da gestão petista.
Nas palavras de um auxiliar presidencial, só haverá êxito se o governo produzir algum fato positivo ou uma demonstração de força até sexta-feira (16).
Pelas contas palacianas, contabilizando 18 votos do PMDB e 18 votos do PR, haveria cerca de 180 votos, um pouco acima do limite para barrar o processo de impeachment, que é de 172 votos no plenário.
Nos dois partidos, no entanto, os números são avaliados como "irreais". No PR, fala-se em no máximo 15 votos e, no PMDB, aposta-se em cerca de 10 votos.
PMDB
Com o respaldo do vice-presidente Michel Temer, o PMDB deve orientar em reunião de sua bancada nesta quinta-feira (14) voto favorável ao impeachment de Dilma, mas com respeito a posições contrárias isoladas.
A decisão foi acordada em reunião entre Temer e o presidente do PMDB no Rio de Janeiro, Jorge Picciani, pai do líder da bancada, Leonardo Picciani (RJ), que votará contra o impeachment.
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