quinta-feira, 14 de abril de 2016

Com PSD, oposição afirma já ter votos para impeachment

Após adesão do PSD ao impeachment de Dilma, oposição já fala em vitória

Isabel Fleck, Débora Álvares, Ranier Bragon, Rubens Valente, Gustavo Uribe e Valdo Cruz - Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Um dia depois de a maior parte do PP anunciar adesão ao impeachment, o PSD do ministro Gilberto Kassab (Cidades) também definiu nesta quarta-feira (13), por maioria, orientar no domingo (17) o voto favorável à abertura de processo contra a presidente Dilma Rousseff.

Em reunião na Câmara que contou com a presença de Kassab em seu início, de 28 a 30 dos 38 deputados que devem votar se manifestaram contra a permanência da petista, segundo relatos.

A decisão do PSD fez a oposição já contabilizar 349 votos a favor do impeachment, mas o Palácio do Planalto, mesmo sabendo que o clima piorou e corre sério risco de derrota, ainda acreditava chegar a 180 votos a favor, acima dos 172 necessários para escapar do impeachment.

No final da noite desta quarta, a presidente Dilma convocou uma reunião no Palácio da Alvorada para tentar uma última estratégia para salvar o seu mandato.

Entre interlocutores do ex-presidente Lula, o clima era de desolação e apreensão diante da avaliação de que a debandada de aliados começou muito cedo.

Na reunião do PSD, de acordo com deputados, Kassab mais ouviu do que falou e afirmou que respeitaria a decisão da maioria da bancada. Depois, ele se encontrou com Dilma e falou sobre a decisão do partido. Kassab deve permanecer no cargo até segunda-feira (18).

"A decisão é mudar o encaminhamento de voto liberado para o apoio ao relatório pela admissibilidade [do impeachment]. A bancada, porém, respeitará absolutamente o voto de cada parlamentar que pense diferente", disse o deputado Rogério Rosso (DF), líder da sigla.

Vitória improvável
Com isso, integrantes do Palácio do Planalto já veem como improvável uma vitória no domingo, mas mantêm a tentativa de investir nas conversas deputado a deputado como última tentativa de salvação.

Para ser aprovado, o relatório favorável à abertura de processo de impeachment precisa ter pelo menos 342 dos 513 votos.

A oposição afirma já ter 349 votos para a destituição de Dilma, sete a mais do que o mínimo necessário.

No PR (Partido da República), dono da quinta maior bancada na Câmara, há uma disputa de números que expõe o racha na legenda.

Enquanto o bloco de parlamentares favoráveis ao impeachment afirma ter pelo menos 28 votos, contra 12 pró-governo, o comando partidário arrisca um placar mais favorável ao Palácio do Planalto, com 19 votos pró-impedimento, 18 em apoio a Dilma e 3 indecisos.

Oficialmente, o PR diz que apoia o governo, mas não fechou questão em relação ao voto do domingo. O PTB decidiu por 15 votos a 4 orientar o voto favorável ao impeachment no domingo.

Já o líder da bancada do PDT, deputado Weverton Rocha (PDT-MA), anunciou que fechou questão e orienta o voto contra o impedimento.

Planalto
Com o revés no PP e no PSD, integrantes do governo dizem que, se houver uma vitória no domingo, ela será apertada e dificultará a retomada da governabilidade na nova fase da gestão petista.
Nas palavras de um auxiliar presidencial, só haverá êxito se o governo produzir algum fato positivo ou uma demonstração de força até sexta-feira (16).

Pelas contas palacianas, contabilizando 18 votos do PMDB e 18 votos do PR, haveria cerca de 180 votos, um pouco acima do limite para barrar o processo de impeachment, que é de 172 votos no plenário.

Nos dois partidos, no entanto, os números são avaliados como "irreais". No PR, fala-se em no máximo 15 votos e, no PMDB, aposta-se em cerca de 10 votos.

PMDB
Com o respaldo do vice-presidente Michel Temer, o PMDB deve orientar em reunião de sua bancada nesta quinta-feira (14) voto favorável ao impeachment de Dilma, mas com respeito a posições contrárias isoladas.

A decisão foi acordada em reunião entre Temer e o presidente do PMDB no Rio de Janeiro, Jorge Picciani, pai do líder da bancada, Leonardo Picciani (RJ), que votará contra o impeachment.

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