• PSD e PTB orientam bancadas a defender afastamento de Dilma
Isabel Braga, Letícia Fernandes, Eduardo Bresciani, Jeferson Ribeiro e Catarina Alencastro - O Globo
-BRASÍLIA- Após a debandada de mais dois partidos da base aliada — PSD e PTB encaminharão voto “sim” pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff —, o Palácio do Planalto passou a admitir ontem que não tem o número necessário para barrar o impeachment. Embora a versão oficial seja de que o governo conta com cerca de 200 votos, reservadamente auxiliares da presidente que participam da articulação política junto ao Congresso contabilizam com segurança apenas 160 votos, ou seja, 12 a menos do que o necessário para impedir a derrota no plenário da Câmara. Para tentar conter a debandada, Dilma resolveu fazer pressão, pessoalmente, sobre parlamentares que ainda apoiam o governo a fim de assegurar os votos que precisa.
No PMDB, deputados que estavam apoiando o governo admitem a redução drástica de votos em favor de Dilma. A bancada peemedebista se reúne hoje e deve formalizar o voto pela saída da presidente do cargo. Há uma ação forte de deputados do PMDB, com o aval do grupo do vice-presidente Michel Temer, com ameaças de negar legenda aos candidatos a prefeito que ainda resistem em ficar contra o impeachment. O avanço no apoio ao impeachment fica claro pela evolução dos deputados que declaram seus votos na enquete do GLOBO. Em apenas um dia, o número dos pró-impeachment saltou de 304 para 329, enquanto os contrários foram de 110 para 113.
Em reunião ontem, com uma passagem relâmpago do ministro da legenda, Gilberto Kassab (Cidades), a bancada do PSD oficializou o voto a favor do impeachment. Pelas contas dos deputados, apenas 8 dos 38 mantinham disposição de votar contra o impedimento. Não haverá punição a quem votar contra. Até ontem à noite, Kassab (Cidades) não tinha anunciado se deixaria o cargo diante da decisão da legenda.
— A bancada vai encaminhar pela admissibilidade, para que vá para o Senado, porém, respeitará os parlamentares que têm divergência — disse o lider do PSD, Rogério Rosso (DF).
No PTB, 15 votam a favor do impeachment, e 4 estão indefinidos, segundo o líder interino, Wilson Filho (PB). Indagado sobre a posição do ministro Armando Monteiro (Indústria e Comércio) e sua permanência no cargo, Wilson Filho afirmou:
— Ele é senador. O momento de expressar opinião sobre impeachment será quando chegar ao Senado.
No PMDB, a ofensiva foi para tentar barrar a ação de caciques do partido nos estados, principalmente no Nordeste, que pressionam os deputados a votar contra o impedimento. Aliados do líder Leonardo Picciani (RJ) admitiam ontem que o número de votos contra o impeachment tinha caído muito e que poderia ficar entre 8 e 5, da bancada de 65.
Oposição diz ter 349 votos
No balanço feito ontem, a oposição garante ter obtido sete votos a mais do que os 342 necessários para aprovar o impeachment em plenário. Segundo o deputado Mendonça Filho (DEM-PE), o balanço revela 349 votos a favor do impedimento, 127 contra e 37 indecisos.
— Vamos para uma vitória acachapante, redentora! E o viés é de alta, mais votos podem vir até o domingo — disse Mendonça.
Ciente da dificuldade que enfrenta entre os parlamentares, Dilma recebeu líderes da base que estiveram com o ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), ontem no Planalto, e marcou para hoje café da manhã no Palácio da Alvorada com os 27 deputados que votaram contra o impeachment na comissão especial.
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